terça-feira, 22 de junho de 2010

Invertendo Expectativas

por Vera Pallamin

Algumas ações artísticas recentes efetuadas em espaços urbanos paulistanos têm colocado a questão sobre espacialidades múltiplas e escala metropolitana acionando, sob certos ângulos, convergências e confirmação recíproca entre estas espacialidades, e em outros ângulos, invertendo expectativas, criando-se disjunções que se inscrevem como focos reflexivos. No projeto ´O Céu nos Observa´ concebido pelo artista Daniel Lima interceptam-se de modo singular especificidades do espaço fenomenológico e do espaço tecnológico e abstrato, indagando-se os nexos entre autoria e anonimato, registro e documento, aparência e evidência, controle e desvio, expectação e indiferença. Neste trabalho, interessa-nos também uma segunda questão, diretamente interligada à das espacialidades múltiplas, que se refere à comunicabilidade, ao modo como esta se dá entre os artistas, entre eles e os espectadores, e entre espectadores e obras: essa comunicação não é a da transmissão de informações, mas a de uma construção partilhada de conteúdo, realizando-se de modo coletivo.

Do ponto de vista da relação entre o estético e o político, quando aproximadas do pensamento de Jacques Rancière, estas ficções estéticas revelam incorporar em seu cerne a polêmica sobre a reconfiguração do comum e suas indeterminações, o que neste é abstraído ou fica de fora, o que aí é tolerável e possível, comprometendo-se com a construção de novas capacidades e a ampliação dos seus espaços de atuação.

I. Sobre as Espacialidades múltiplas


Esta imagem faz parte da intervenção intitulada ‘O Céu nos Observa’, de iniciativa do artista Daniel Lima, graduado em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, e que desde 2001 vem desenvolvendo interferências no espaço urbano. Trata-se de um trabalho em curso, que se iniciou em maio, com a seguinte chamada, via email, enviada pelo artista, a qual cito por ser parte mesma da proposta e sintetizar a sua natureza:

Amigos,
Estou fazendo um novo projeto de intervenção e gostaria de convidá-los a participar!
No sábado, dia 15 de maio, às 10 horas, um satélite de altíssima resolução espacial vai fazer uma imagem de uma parte da cidade de São Paulo. Neste dia e horário, qualquer objeto ou corpo sob o céu - de preferência numa área iluminada pela luz do sol - com mais de 50cm (de largura) aparecerá na imagem de satélite. O rastreamento que solicitei desta área demora apenas 3 segundos. É quase instantâneo.
A área coberta será um quadrado de 10km x 10km, sendo os vértices: Parque Villa-Lobos; Praça da Sé; Aeroporto de Congonhas; Paraisópolis. Isto inclui parte do Centro, Zona Oeste e Zona Sul. Em anexo, envio uma imagem de satélite com coordenadas e principais marcos geográficos.
Faço uma chamado para que todos participem e proponham interferências para esta imagem de satélite. Vamos instaurar a possibilidade de estarmos juntos em ação no mesmo dia, num mesmo instante, em diferentes espaços da mesma cidade!
[imagem3] Como registro do acontecimento farei um vídeo de 8 minutos, tendo a imagem de satélite e os vídeos das ações como base. Assim, peço que gravem suas ações em vídeo (da maneira que quiserem) para que eu possa incluir no vídeo final alguns processos de criação e realização - me mandem um email para que possa recolher o material de vídeo.
Nos dias seguintes a imagem de satélite estará disponível num site [em desenvolvimento] para que todos possam compartilhar as diferentes ações e também "subir" seus vídeos.
(...).
Qualquer dúvida ou necessidade ou sugestão me escrevam: danielcflima@yahoo.com.
Por favor, repassem a todos que puderem. A mobilização pública para este dia é fundamental! Conto com vocês!!!
abr,
Daniel Lima

Neste projeto e em sua formalização estética estão em jogo múltiplas espacialidades, num conjunto aberto: consideram-se intervenções a serem realizadas em uma imensa área de São Paulo com cerca de 100k2, nas quais se entrelaçam a escala metropolitana, a local, a do gesto e aquela global, implícita nesta imagem. Neste território não há localidades definidas, pré-aprovadas ou pré-selecionadas como mais aptas, mais afeitas ou disponíveis para tais ações: não há repartição prévia dos lugares; estando nos limites intra-coordenadas da imagem e em espaços descobertos, todos são igualmente considerados, equalizando-se possibilidades. Também não há repartição prévia entre os interventores artistas e não-artistas. A chamada inicial, disseminada via rede, está aberta à inclusão de qualquer um. Não se sabe, a princípio, quem fará o quê e onde: poderia ser que o chamamento do artista estimulasse várias respostas, ou não. No início há incerteza. Percebe-se a repercussão efetiva da iniciativa à medida que os vídeos das ações vão sendo disponibilizados pelos seus autores ou protagonistas no site do trabalho: o modo virtual é aquele que propicia a reunião do que foi feito e a apreensão de sua abrangência. Ao anonimato inicial, que é matéria mesma da matriz proposta, conjuga-se um desejo, do artista, de formação de certa coletividade urbana: suas palavras, em sua chamada, foram ‘mobilização pública’ e a possibilidade de se estar “juntos em ação no mesmo dia, num mesmo instante, em diferentes espaços da mesma cidade!”.

Essa concomitância de ações espalhadas pela cidade dialoga, de certa maneira, com o formato das mobilizações rápidas - os chamados flash mobs – que são acionadas por email e têm sido realizadas para protestos ou encontros, a exemplo daqueles ocorridos em metrôs para festas relâmpago. Em ‘O Céu nos observa’ provoca-se uma mobilização entre desconhecidos, porém sem reuni-los num mesmo espaço, como ocorre na maioria das flash mobs, mas sim efetivando-se em espaços dissipados, sem vizinhança imediata: opera-se com espalhamento, simultaneidade e dispersão.

Na matriz proposta há a captação da singularidade de cada iniciativa, porém a sua ênfase recai na valorização do agrupamento, na dimensão coletiva como fundamento do projeto. O artista proponente optou por ausentar-se desta primeira fase, colocando-se no papel de quem apenas abre espaço para a sua realização. Como visto, o foco disparador do projeto apoia-se nesta imagem da cidade que, de imediato, vista por si mesma, não revela a qual metrópole pertence. Abstrata em alto grau, esta imagem é resultante de um acúmulo de trabalho técnico e trabalho abstrato de amplitude incontornável. Combinando nitidez e rastreamento, ela opera um tipo de profundidade que é chapante, sendo componente de um sistema de visibilidade que acessa toda a superfície do planeta, disponibilizando-a à verificação e ao escrutínio. De popularização recente, este modo de visualidade é instrumento e signo dos atuais processos de mundialização que têm marcado as últimas três décadas, cuja dinâmica dá-se na direção de abarcar todo o conjunto das atividades produtivas no curso da acumulação. Estes processos envolvem a estruturação do mercado global e a mundialização do capital e, como se sabe, são de natureza profundamente hierarquizada: buscam-se disseminar por todos os cantos, encolhendo distâncias espaciais, ao mesmo tempo em que implicam, necessariamente, o acirramento das desigualdades e das distâncias sociais: em seu âmago minimizam os ganhos sociais e econômicos da classe trabalhadora, atacando seus vetos e direitos. Nestes termos, à equalização espacial dos lugares, representada na superfície desta imagem corresponde uma concreta disparidade cada vez mais acentuada entre núcleos centrais e periféricos no sistema, tanto tomados em escala local quanto global.

Trata-se, em certo sentido, de uma representação ‘urbi et orbi’: para a cidade e para o mundo. Não se tem acesso facilitado à sua fatura, nem se pode observar, olhando para o céu, a partir de que ponto é feita. Ela despotencializa o corpo fenomenológico, concretizando-se como captura, varredura, ângulo, extensão, coordenadas e condições atmosféricas. A visibilidade panótica com a qual opera é também tecnologia de controle, tema foucaultiano que foi retomado por Daniel Lima ao escrever na sinopse de sua proposta: “nossas vidas circulam criptografadas nas redes de comunicação (...), nossas casas podem ser vistas de muito acima, numa visão quase onipresente. Nesta relação parece que nos resta a passiva resignação diante do incomensurável mundo novo. O que fazer diante de tão invisível e dominante poder? Como reagir à constante vigilância do mundo contemporâneo? Como interagir com a escala das estruturas globais?”

‘O Céu nos observa’ põe em relevo esta questão do controle social e dos imaginários da dominação. Neste aspecto, dialoga com uma já longa linhagem de trabalhos de arte nos quais inclui-se o filme de Andy Warhol chamado ‘Outer and Inner Space’ [imagem 5], feito em 1965, voltado para a tematização da vigilância e de quem observa quem: em suas sequências, uma atriz aparece em visada frontal e de perfil, simultaneamente, de modo que ora pareça falando livremente, ora para alguém fora da cena, que a observa e a controla numa tela de TV. Mais recentemente, equipamentos de vigilância instalados em áreas de circulação ou espaços públicos, assim como outros dispositivos, como biometria e geolocalização, têm sido resignificados por práticas associadas à chamada `Surveillance Art`, a exemplo do projeto ‘Faceless’ (2006), da artista austríaca Manu Luksch, que residindo em Londres fez um filme de ficção a partir de imagens em que sua pessoa fora captada pelas câmeras instaladas em diversos ângulos no centro daquela cidade e em alguns espaços internos, imagens às quais teve acesso permitido por lei por conterem registro de sua pessoa.

‘O Céu nos observa’ leva adiante esta tematização, polemizando como as aparências de acessibilidade, exposição, transparência e publicização – todas presentes naquela imagem tecnológica da cidade – são as mesmas com que se adjetivam os circuitos sempre mais finos da troca mercantil e de monitoramento coletivo. Em sua proposta, contudo, estabelece-se imediatamente uma dobradiça, pensando-se o exercício da arte como uma contraposição a este imaginário dominante: prefigura-se na imagem por satélite contratada pelo artista o registro de “pequenas ações-ruído (...), ele diz, como uma possibilidade simbólica de interferência no processo de mapeamento da cidade”. Diante do poder usurpador exercido pelos imaginários da dominação, põe-se em causa um confronto entre a visada de sobrevôo e o olhar desviante: como gerar em uma imagem urbana desta escala e envergadura um contra-discurso naquilo mesmo que ela registra, a contrapelo, utilizando seus próprios meios? Como inverter expectativas em sua leitura?

Nesta conjunção de visadas abrem-se planos de antagonismos e cruzamentos em que se transita entre o espaço abstrato e o espaço vivido, entre aquele representacional e o perceptivo, entre o tecnológico e o corporal. Oscila-se entre a idéia de espaço desenraizado, desvinculado e a noção de lugar afetado, particularizado: o sentido de ‘estar ali’ modula-se entre presença, ressonância e insignificância. No delineamento de ‘O Céu nos observa’ não é dominante a espacialidade do corpo próprio, como o fôra, por exemplo, nos anos setenta na obra ‘Shifts’, de Richard Serra (1970-2) em que os horizontes e limites dos planos espaciais e construídos da obra como um todo eram definidos pela presença do artista, e de seu amigo, caminhando pelo local. Também não se imanta pela noção de ‘especificidade do lugar’, a qual teve relevância nos anos oitenta e noventa no âmbito de ações artísticas em espaços públicos, como o conhecido trabalho intitulado ‘E vocês foram vitoriosos depois de tudo’, de Hans Haacke, 1988 [imagem 8], ligado a questões nazistas e que sofreu a ação de uma pequena bomba, pouco tempo depois de aberta ao público. Em ‘O Céu nos observa’ há ora alternância, ora embaralhamento entre categorias espaciais. As perspectivas da horizontalidade e proximidade são captadas pela mediação do vídeo; as intervenções, contudo, pressupõem sua tomada zenital, apostando-se na formulação de que possam acionar-se como signos disruptivos quando decodificados em relação à lógica material e visual da imagem via satélite da cidade.

O Grupo Corposinalizante utilizou-se dessa dupla tomada por contigüidade e longitude ao mesmo tempo, como forma de desdobrar a potência da imagem de uma mão espalmada, que utiliza como emblema de sua presença e de suas reivindicações. Formado em 2008 por jovens artistas e educadores “surdos e ouvintes”, como se auto-denominam, e reunidos como desdobramento de um curso de formação em arte para educadores surdos, realizado no MAM-SP, suas ações e performances dirigem-se à implementação de políticas públicas voltadas a este grupo social, incluindo-se, entre suas demandas, a inserção de legendas em filmes nacionais, e a expansão de seus espaços de formação, trabalho e de acesso à cultura. Sua intervenção específica consistiu em inserir uma ampliação deste emblema no meio da passarela de ligação entre o antigo DETRAN, edifício que passará a abrigar o Museu de Arte Contemporânea da USP e o Parque Ibirapuera. A colocação desta imagem da mão neste ponto central, e orientada para cima e não para frente como usualmente feito, buscou amplificar as reverberações do Grupo, no sentido de grafar-se no mapeamento mesmo da metrópole e fazer parte de sua visibilidade, numa situação oposta àquela que tem sido vivenciada por estas pessoas.

I. Sobre a Comunicabilidade

Em relação à questão da comunicabilidade, na formalização estética envolvida em ‘O Céu nos Observa’ - em que se associam, como visto, ações diretas nos espaços urbanos, vídeos, imagem via satélite, blog e conexões em rede - trabalha-se a idéia da comunicação não como veiculação linear de mensagens, mas como elaboração compartilhada de sentidos. Os autores das ações, no momento inicial da obra, passam a ser também espectadores em uma segunda fase de sua realização: seus vídeos, no site, colocam-se lado a lado com todos os outros ali registrados, sendo apreendidos numa relação diacrítica que estabelecem entre si. Este conjunto, por sua vez, será entremeado pelo documentário final do artista proponente, antes espectador de cada registro em vídeo, separadamente. Tal entrelaçamento entre autores, artistas e espectadores, e a reciprocidade de papéis que aí se estabelece quebrando barreiras entre um e outro, adentra o plano de superação do chamado ‘paradoxo do espectador’, conforme elaborado por Jacques Rancière em sua obra O Espectador Emancipado (2008). O significado de espectador em seu legado histórico, nos diz o filósofo, remete, contraditoriamente, ao olhar como o oposto do saber e do conhecer: ser espectador é então ser passivo e ignorar. Embora não haja espetáculo sem espectador (mesmo que seja escondido), este seria separado da capacidade de conhecer e poder de agir (2008:8), exercendo um olhar subjugado. Esta premissa foi retomada por Guy Debord, em sua fórmula: “mais o homem contempla, menos ele é” (Apud 2008: 12), criticando a separação e o olhar de exterioridade que marcaria o espectador diante do espetáculo: a contemplação denunciada por Debord refere-se à “contemplação da aparência separada de sua verdade” (2008:13). Nestes termos, identificar olhar e passividade implica pressupor que olhar quer dizer contemplar algo ignorando a verdade que há por trás deste, de modo que a contemplação concorre, nestes termos, para a alienação. Na acepção de Rancière, contrariamente, o que declara o espectador como passivo é a defesa de uma posição radical previamente posta de separação de posições, reafirmando uma distribuição no sensível que pressupõe a oposição entre o ver e o fazer, uma divisão que se rebate no “cegamento dos trabalhadores manuais afundados no imediato e os que contemplam as idéias e prevêem o futuro ou tem visão global do mundo.” (18) Rancière defende uma recusa dessa distância radical, dessa distribuição de papéis e das fronteiras entre esses territórios do ver, fazer e falar (2008:23-4). É preciso, ele afirma, reconhecer a atividade própria do espectador, que é a de tradução e contra-tradução daquilo com o qual se depara: “é neste poder de associar e dissociar que reside a emancipação do espectador, quer dizer, a emancipação de cada um de nós como espectador” (2008:23). Nisto verifica-se uma capacidade que faz cada um igual ao outro e que se exerce “pelo jogo imprevisível de associações e dissociações” (idem).
Nesta comunicação entre artista e espectador ou entre obra e espectador não há pressuposição de identidade entre causa e efeito, nem pressuposição do que será compreendido (2008:20). Nenhum dos integrantes possui ‘o’ sentido. Em ‘O Céu nos Observa’ esta elaboração conjunta está no coração mesmo de sua natureza, perfazendo-se como uma aventura tramada entre cidade e arte que não pode ser antecipada em sua comunicabilidade. Seus integrantes, inicialmente anônimos, são intérpretes ativos que constroem suas próprias traduções da proposta lançada como um disparador inicial de ações, as quais por sua vez serão alvo de interpretação ativa do proponente e dos que participarem de sua recepção.

Como visto, o tipo de comunicação estética em pauta neste trabalho não pretende revolucionar, mas sim redistribuir papéis, lugares, posições, acessos, possibilidades, espacialidades. O que está sendo posto em causa por sua aventura estética, originalmente aberta a qualquer um e desconsiderando certas divisões usuais, avizinha-se ao que Rancière denomina como ‘reconfiguração do comum’, na direção de um comum ampliado, ou seja, uma reconfiguração de partilhas que marcam o campo social e os espaços e capacidades de quem aí tem voz e vez. Percebe-se em ação um imaginário de vivência urbana que valoriza o coletivo, o qualquer um e a ação conjunta propositada, promovendo a resignificação de espaços da cidade e no modo de vê-la, com lógicas de uso e permanência que alteram alguns de seus valores e invertem expectativas quanto ‘a sua compreensão.

Resumo
Algumas ações artísticas recentes efetuadas em espaços urbanos paulistanos têm recolocado questões sobre espacialidades múltiplas que, sob certos ângulos de aproximação convergem para uma confirmação recíproca e, em outros, invertem expectativas, criando rugosidades e atritos. Centram sua engenhosidade em possibilidades de disjunções em meio à multiplicidade e ao esperado, de modo que suas inscrições criem focos reflexivos.

Em projeto associado ao artista Daniel Lima interceptam-se de modo singular especificidades do espaço fenomenológico e do espaço abstrato, provocando ambigüidades nos nexos entre autoria / anonimato, registro / documento, aparência / evidência, controle / desvio, percepção / varredura, expectação / indiferença. Do ponto de vista da relação entre o estético e o político, se aproximadas do pensamento de Jacques Rancière, estas ficções estéticas revelam incorporar a polêmica sobre a reconfiguração do comum e suas indeterminações, o que neste é abstraído ou fica de fora, o que aí é tolerável e possível, comprometendo-se com a construção de novas capacidades e a ampliação dos seus espaços de atuação.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
I Simpósio de Estética
Temas em torno da arte contemporânea
Mesa: ARTE, TÉCNICA, CIDADE