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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Corposinalizante em Mostra de Vídeos de Londrina

O projeto Roda Memória, de Londrina, realizou em fevereiro deste ano um evento chamado "Comunicação e Memória". Neste evento, voltado para a reflexão sobre a importância da comunicação na circulação e preservação da memória, aconteceram palestras, exposição fotográfica, mostra de vídeos e vivência em danças brasileiras.

A mostra de vídeos apresentou, além dos vídeos do projeto, produções audiovisuais de parceiros locais e nacionais - entre eles, o filme "Corposinalizante", realizado pelo grupo Corposinalizante em 2009.

O projeto Roda Memória, assim como o encontro “Comunicação e Memória”, contaram com o patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Londrina.

foto tirada do site:
http://jornaluniao.com.br/noticias.php?editoria=&noticia=NTQzNw==

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Roteiro do filme 1: um "vídeo poesia"

Tema: Laços e nós
Título: Corposinalizantes

Argumento:
Nós somos o grupo Corposinalizante, formado por jovens surdos e ouvintes adultos. Nossa idéia é convidar um grupo de 5 ou 6 surdos, no máximo, de diferentes idades, com experiências diferentes, para participarem de um círculo de histórias de vida (metodologia que aprendemos no Museu da Pessoa).

Propomos captar histórias de vida que tragam à tona, a partir dos "laços e nós" das histórias de cada um, muitas dimensões que revelem a dinâmica da comunidade surda, a constituição desta identidade e os seus desafios no interior da sociedade mais ampla.

Com isso, pretendemos mostrar a dimensão da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como laço constituinte de uma comunidade e assim, por meio do filme, convidar o espectador a conhecer a dimensão poética e complexa da língua e da linguagem que se expressam no cotidiano dos surdos.

Temos a preocupação de não defender uma tese com este filme, por isso usaremos a metodologia do círculo de forma bastante livre e não daremos aos personagens nenhum tema fechado. A idéia é que surjam histórias de vida bastante cotidianas. O círculo também não será um conteúdo em si, ele é apenas uma ferramenta para a captura das histórias, assim como para revelar a maneira própria da comunicação dos surdos.

Acreditamos que a Libras é nosso dispositivo.

Idéia audiovisual:
Pensamos em filmar o círculo e as histórias em um estúdio, para capturar os sons produzidos no uso da língua.

Convidaremos cerca de 5 ou 6 pessoas, de idades e experiências diferentes para, assim, abrir um espaço diverso de histórias. Para nós, a vida de cada pessoa presente e suas experiências dentro da cultura surda são assuntos centrais.

Acreditamos que podemos identificar as características da cultura dos surdos apenas utilizando a expressão do corpo e Libras, por isso nós estamos chamamos esse trabalho de "vídeo poesia".

Para disparar a história de cada um, pediremos que as pessoas convidadas levem para o círculo um objeto pessoal, que tenha alguma relação com a história que será contada. O objeto trará intimidade ao círculo.

Nós usaremos três câmeras para registrar o círculo, uma delas acompanhará um dos personagens convidados de sua casa até o local do círculo. A idéia é usar alguns "inserts" com estas imagens de cidade (locais com muitas pessoas, pontos de ônibus etc.)

Objetos:
Cada convidado levará para o círculo um objeto pessoal. Estes objetos estarão presentes, nas mãos, nos colos, em uma mesa de centro. Eles darão vida e alguma materialidade para as histórias. Poderá ser uma foto, um aparelho auditivo, qualquer coisa.

Aceitar a língua de sinais como língua natural dos surdos é desatar esses nós que vão se formando nas relações entre surdos e ouvintes. Por isso a própria LIBRAS é objeto central neste nosso filme, pois ela é uma língua e uma luta pelos direitos dos surdos.


Ferramentas audiovisuais:
O círculo deverá acontecer em um estúdio, com fundo infinito preto. Luz recortada nos convidados, luz direta nos objetos pessoais dos convidados.

Os objetos ficarão em uma mesa de centro, mas deverão ser manipulados por seus donos na medida que estes vão contando sua história e fazendo referência ao objeto.

Ao final do círculo podemos fazer um varal ou móbile, com todos os objetos que foram citados/referênciados no círculo.

Nós usaremos três câmeras para registrar o círculo:
- câmera 1 aberta;
- câmera 2 fechada no personagem que estiver contando a história;
- câmera 3 fechada em detalhes das mãos e outros detalhes de comunicação;

Uma das câmeras acompanhará um dos convidados, de casa até o local do círculo. Esta câmera, subjetiva, "seguirá" o convidado pela cidade, dentro do ônibus, na rua.

Estas imagens serão usadas como "inserts" no filme, criando um personagem-narrador. A idéia é que este personagem seja um dos jovens do Corposinalizante. Ele será o último a sentar no círculo e fará a apresentação/condução do mesmo.

Por enquanto temos os seguintes participantes confirmados:
1. Alex;
2. Cristiano;
3. Mirtes;
4. Leo (Corposinalizante);
5. Felipe (Corposinalizante);
6. Sabrina (Corposinalziante);
7. Luciana (Corposinalizante);

Os participantes estão sendo convidados a contar uma história de vida e a levar um objeto pessoal que tenha relação com esta história. Pretendemos que esta dinâmica tenha movimento, que os corpos possam se expressar inteiramente - para isso estamos pensando em criar um espaço adequado, um lugar que ritualize o momento de cada um contar sua história.

A idéia é levantar histórias cotidianas. Não queremos um círculo mental, que fique defendendo teses. Por isso não apresentaremos nenhum tema prévio. O disparador é: conte uma história de vida.

Tanto as histórias contadas como os gestos, vozes e sonoridades da Libras serão conteúdos deste filme. Para nós é muito importante que a gente consiga criar uma situação para trazer a tona toda a expressividade corporal e sonora da língua de sinais.

Caso esta dinâmica não levante muitas histórias, podemos ter uma segunda metodologia na manga: em uma segunda rodada, cada convidado conta uma história a partir de um objeto que não é seu. (como proposto pelo Eduardo Coutinho em Jogo de Cena).

Corposinalizante

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Primeiras idéias para nossos filmes!

O Corposinalizante, integrando o projeto Ponto Brasil (da TV Brasil) e em parceria com o Museu da Pessoa e outros grupos de artistas, vem desenvolvendo algumas idéias para a realização de dois filmes de 5 minutos, que serão exibidos na TV:

I. Para o primeiro filme, pensamos no tema “identidade”.
A idéia é convidar um grupo de surdos de diferentes idades, com experiências diferentes, a participar de um círculo de histórias de vida (metodologia que aprendemos no Museu da Pessoa).

Pensamos em filmar o círculo e as histórias e, na edição, misturar esses planos com outros mais subjetivos, que tenham a ver com a Libras (Lingua Brasileira de Sinais). O filme será enriquecido com sons da língua de sinais e vibrações. Propomos captar histórias de vida que tragam à tona muitas dimensões da identidade.

Questão: Como traduzir vibração, áudio, imagens para sensação? Áudio para vibração?

Em uma roda de conversa, os outros grupos de artistas que estão participando conosco deste processo (As Rutes, Política do Impossível e Afrofuturismo) nos deram algumas contribuições:

- Ver o documentário Aboio como referência;
- Os próprios personagens do círculo de histórias devem criar imagens poéticas para traduzir suas sensações;
- A Libras é quase uma dança, nela já se encontra a potência do movimento;
- Rastros de imagem;
- Considerar os sons específicos da Libras;
- Ter o grupo Barbatuques como referência;
- Seqüência do filme Santiago como referência;
- Criar um contraste no filme, misturando silêncio e som;
- O que o surdo ouve? Pode ter a ver com o círculo de histórias, com fragmentos das histórias que ouvimos, fragmentos da cidade, usar imagens com o som que os surdos ouvem;
- Tirar o aparelho de surdez pode ser recurso interessante para fazer o contraste;
- Cinema mudo: como produzir cinema sem som;
- Outras formas de expressão gestual;
- O corpo como olho da câmera;
- Quão rico e belo é este diálogo com o mundo – cuidar para que beleza não se transforme apenas em esteticismo;
- Cuidado para não fetichizar, deve ser um trabalho de auto-representação dos jovens surdos do corposinalizante;
- Estudar poemas em Libras.


II. Para o segundo filme, pensamos em realizar uma intervenção artística de surdos na rua. Neste caso, nosso tema seria “Epifania”.

- Aproveitar experiências que já temos com intervenção;
- Levantar histórias interessantes que surgiram no primeiro filme (círculo de histórias) e transformar em intervenção na rua;
- Epifania: grandes encontros, insights;
- Revelações.

Questão: como fazemos isso filmando?


Cibele Lucena