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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Corpo Nossa Lingua, o filme

O processo do filme “Corpo, Nossa Língua,” tem sido bastante intenso até agora. Com o objetivo de mostrar a relação da comunidade surda com a educação, o nosso grande desafio é conseguir fazer isso sem deixar de lado a dimensão poética, artística e criativa do nosso trabalho. Por outro lado, é importante que o contexto a partir do qual falamos se torne claro para aqueles que não participam e não conhecem essa realidade.


As duas primeiras entrevistadas do filme foram Karina, uma menina de 10 anos de idade, e Luana, uma adolescente. Com um tapete na mão, “objeto delimitador do espaço de conversa”, os entrevistadores, jovens do Corposinalizante, criaram situações de escuta no meio da cidade. Karina escolheu para contar a sua história um parque e Luana a Avenida Paulista.


A história da Karina relata a história da “fada dos dentes”, que teria aparecido à noite em uma viagem que fez com a escola. A da Luana relata a sua relação com os livros, o gosto que tem pela leitura. São histórias simples e que não tem uma relação direta e óbvia com o tema “educação na comunidade surda”. A relação com o tema é, na realidade, sutil, quase invisível. Diz respeito, sobretudo, à possibilidade que essas duas meninas tiveram de estabelecer relações saudáveis com o espaço-tempo do aprendizado; criar afetos com objetos comuns entre culturas (o livro, o universo da escrita, é uma linguagem acessada pelos olhos e não pelos ouvidos).


Apesar da riqueza poética das entrevistas, percebemos, também através dos olhos críticos do pessoal da Matizar, que faltava uma inserção mais “objetiva” no filme, até para que a sutileza ganhasse mais força e sentido. Por isso, passamos a focar na idéia de fazer conversas mais jornalísticas com os dois entrevistados que viriam a seguir, preparando algumas perguntas mais focadas na relação deles com educação.


Com isso, poderemos misturar na edição duas conversas mais soltas (narrativas de histórias pessoais), com duas mais objetivas. O 3º entrevistado, já filmado, teve uma experiência diferente com educação: ele fez o colegial em uma escola de ouvintes, sem intérprete de Libras, e hoje está terminando a faculdade.


Fizemos essa diária de filmagem na última quinta-feira e a entrevista foi muito boa! Além de pedir para ele nos contar uma história pessoal, nós também fizemos perguntas mais objetivas e direcionadas a ele, o que trouxe um contexto muito maior da relação surdo/educação para o filme.


A história pessoal foi muito bacana. Ele nos contou que estudou no Mackenzie durante o colegial, não teve acesso a um intérprete e, por isso, usou leitura labial em todas as aulas - o que muitas vezes foi super complicado, principalmente quando os professores esqueciam de sua presença e viravam de frente para a lousa (de costas para os alunos) e continuavam falando. Mas ele sempre chamou a atenção de todos para a sua presença e tirou notas muito altas em todas as matérias, exceto em uma delas. O professor desta matéria na qual ele não tirava boas notas, foi procurá-lo certo dia, perguntando por que ele não ia bem. Ele explicou que, por conta de sua barba, não conseguia fazer leitura labial e compreender os conteúdos. Na mesma hora, no próprio horário escolar, o professor, que usava uma barba enorme, voltou para a sala de aula sem barba!


As respostas deste entrevistado para as nossas perguntas foram muito importantes para melhorar o foco do filme e trazer de maneira mais forte o contexto da educação para a comunidade surda:


1) Conte uma história pessoal que tenha relação com sua experiência escolar.

2) Quanto tempo você estudou na escola especial e na escola comum?

3) Estudar em uma escola de surdos antes de estudar com ouvintes foi importante em que?

4) Quais estratégias você usou para acompanhar as aulas expositivas (leitura labial, aparelho auditivo, copiou anotações feitas na lousa, emprestou caderno de amigos, estudou com amigos?

5) O que você acha da idéia de inclusão na educação?


Agora estamos preparando nossa última entrevista, com um senhor de mais idade que seja professor surdo. Queremos, com isso, entender a trajetória de alguém que tenha sido aluno surdo em uma época na qual a Libras era proibida como língua, e agora é um professor para alunos surdos, usando a Libras como língua legítima e oficial. Pensamos em fazer essa entrevista tendo como pano de fundo uma biblioteca ou uma escola, trazendo essa imagem de forma mais forte nessa personagem, de modo a remeter diretamente a esse contexto. Faremos esta 4ª e ultima entrevista ainda esta semana.


Também estamos pensando em como trazer a performance corporal para ser usada, visualmente, no final do filme, pois isso também é algo que marca nossa identidade como grupo. Estamos escrevendo um breve parágrafo, que contextualiza a situação da educação dos surdos no Brasil, até quando o uso da Libras foi proibido em escolas brasileiras etc... e pensamos em fechar o filme com este pequeno textinho (em GC) e a ação acontecendo visualmente.


Nosso grande desafio nesse momento é de fato conseguir misturar a dimensão mais poética do nosso trabalho com a dimensão mais objetiva e histórica da relação da comunidade surda com a educação.


Texto: Cibele e Joana

domingo, 5 de setembro de 2010

Corpo Nossa Lingua - Matizar

Vem aí uma novidade:

Há um mês fomos convidados pela produtora Matizar para participar de uma série de filmes para a televisão chamada "Porque a gente é assim?"!

A regra é: são 6 temas difrentes - educação, preconceito, fé, autoridade, sexo e consumo - tivemos que escolher um deles para documentar em um filme de 5 minutos.

Já escolhemos o tema "educação" e decidimos tratar da vida dos surdos na escolas.

A Matizar é uma produtora de cinema e vídeo do Rio de Janeiro, responsável, entre outros, pelos documentários Fala tu (2003), sobre músicos na Zona Norte carioca, e PQD (2007), sobre os recrutas da Brigada Paraquedista. Co-produzimos também, com a Videofilmes, os documentários Jogo de Cena (2007) e Moscou (2009), de Eduardo Coutinho. Temos curtido pensar este novo projeto como uma “meta-crônica”. Ou como “micro-crônicas”. Filmar gente de perto, sobre seus comportamentos, escolhas e hábitos comuns. Brasileiros em ação, e em reflexão, e o que isso nos diz sobre “Por que a gente é assim?”. Antes de avançarmos em nossos pontos de partida, gostaríamos de reforçar a nossa vontade (e a nossa necessidade) de vocês irem além deles.

Vamos mostrar o resumo do nosso projeto:

Corpo Nossa Língua, criado pelo coletivo de artistas e educadores surdos Corposinalizante, é um filme-intervenção sobre a relação dos surdos com a escola. Uma criança, um adolescente, um jovem e um adulto surdo, contam em diferentes espaços da cidade de São Paulo fatos que marcaram sua trajetória escolar. Os depoimentos são intercalados por imagens da cidade e pelo conjunto do conteúdo relatado.

Creio que um grande problema nosso é as pessoas não terem conhecimento dos surdos e pensarem que todos são a mesma coisa: torcem para o mesmo time, gostam do mesmo prato e tem as mesmas idéias. Alguns surdos se dão bem em escolas “comuns”, outros em escolas “especiais”. O mais importante na discussão é termos cada vez melhores espaços de comunicação, disso tratará o filme Corpo Nossa Língua. (Felipe Lima, surdo, 19 anos, integrante do Corposinalizante).

Usaremos depoimento, através de um círculo de histórias, como linguagem para trabalhar com histórias de vida de diferentes surdos e “cinema direto” como linguagem para captar imagens de uma performance realizada em uma escola.

Para o círculo de histórias, os convidados serão: uma criança, um jovem e dois adultos, com diferentes experiências de vida. Buscaremos histórias que tragam à tona, a partir da vivência escolar de cada um, muitas dimensões da comunidade surda, a constituição desta identidade e os seus desafios no interior da sociedade mais ampla.

Tanto as imagens da cidade quanto as cenas na escola serão filmadas com câmeras “Sony V1 HDV” e editadas em “Final Cut 7.0.1.”. Nosso parceiro para este projeto é o Thiago Lucena, que está fazendo câmera, edição e direção junto com a gente. Eduardo Consonni é outro parceiro, que está fazendo a segunda câmera.

Logo teremos mais novidades...

Texto: Felipe Lima

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Programa Login

Olá pessoal,

Na ultima semana, eu (Leonardo Castilho) fui convidado para participar do programa Login através de um e-mail.

Fiquei tão surpreso em receber um convite desse... depois pensei: seria muito legal aceitar esse convite, então aceitei.
No dia da gravação, o motorista da Tv Cultura foi me buscar no MAM, eu estava com a Daina, que me acompanhou no programa. Ela me contou durante o caminho à Tv Cultura que pegou a câmera de fotografia, e disse que ia tirar fotos enquanto eu estivesse fazendo maquiagem, antes de entrar no AR, e também enquanto eu estivesse sendo entrevistado no programa. Ao chegar na Tv Cultura, fomos chamados para entrar no estúdio. Quando eu entrei, vi um estúdio tão lindo e animado e o produtor nos deu o roteiro do programa. Nós alteramos algumas coisas escritas, como “Linguagem de Sinais”, mudamos para “Língua de Sinais”, “Deficiente Auditivo” para “Surdo”, “Guia de museu” para “Educador de Museu” entre outras coisas. Conhecemos a interprete convidada, Giselle Guimarães.


Fui chamado para fazer uma pequena maquiagem. Nessa hora a Daina foi pegar a câmera fotográfica e percebeu que não tinha o cartão de memória! Putz!! Ficamos sem. Antes de entrar no AR, a produtora do programa, Fabiana, nos apresentou ao diretor do programa, Leonardo, e também aos apresentadores, e começaram a pensar o que fazer com a intérprete, onde seria legal ela ficar para ser filmada e para que eu pudesse entender a tradução, né!?

A interprete tinha que ficar atrás das câmeras, para interpretar o programa todo, para todos os surdos que estivessem assistindo. Sugeriram então colocar a Daina no estúdio e chamaram ela para participar também, para poder me ajudar. Então colocaram a Daina, e ela ficou toda vermelha. Ao entrar no AR, eu já estava muito nervoso e com frio na barriga, porque eu fiquei pensando “AI MEU DEUS, ISSO É AO VIVO????”, por que estou acostumado a ficar em frente de uma câmera, gravando, mas depois editam.... aí sim.


O Programa Login fala somente sobre jovens, as novidades dos jovens no Brasil e no Mundo. O tema do dia era Surdez, assim eu teria que falar um pouco sobre a minha vida na comunidade surda, o que eu faço nos trabalhos, se já passei por alguma dificuldade ou preconceito etc. A Daina também participou na fala e me ajudou muito na interpretação.


Uma coisa eu adorei conhecer foi um novo programa de software, da engenheira Noelle Nascimento, que se chama VELIBRAS: é um programa que você escreve em português e tem uma telinha que tem um bonequinho que interpreta em LIBRAS, é incrível!!! Ele até interpreta em LIBRAS a voz, mas infelizmente esse recurso não funcionou no programa, por ter muita interferência sonora dentro do estúdio.


Seguem dois blocos do Programa nos links abaixo:

http://www.tvcultura.com.br/login/videos/naintegra/2010-07-19/28580

http://www.tvcultura.com.br/login/videos/naintegra/2010-07-19/28584


Leonardo Castilho

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Céu nos Observa

Há mais ou menos 15 dias atrás, ficamos sabendo de um projeto chamado "O Céu nos Observa", criado pelo artista Daniel Lima:

"Amigos, estou fazendo um novo projeto de intervenção e gostaria de convidá-los à participar! No sábado, dia 15 de maio, às 10:30 horas (com margem de erro de 10 min), um satélite de altíssima resolução espacial vai fazer uma imagem de uma parte da cidade de São Paulo. Neste dia e horário, qualquer objeto ou corpo sob o céu - de preferência numa área iluminada pela luz do sol - com mais de 50cm (de largura) aparecerá na imagem de satélite. O rastreamento que solicitei desta área demora apenas 3 segundos. É quase instantâneo. Faço um chamado para que todos participem e proponham interferências para esta imagem de satélite. Vamos instaurar a possibilidade de estarmos juntos em ação no mesmo dia, num mesmo instante, em diferentes espaços da mesma cidade!"

O Corposinalizante topou participar da proposta! A primeira coisa que pensamos foi: "vamos fazer algo no CINESESC!" Queriamos aproveitar a visibilidade do satélite para mostrar ao mundo a importância do cinema ter legendado todos os filmes de seu último festival.

[Leia mais sobre as ações do Corposinalizante pedindo legendas em filmes nacionais: http://corpo-sinalizante.blogspot.com/search/label/Filmes%20nacionais%20legendados]

Pensamos em criar uma imagem que parecesse um gigante carimbo, para ser instalada na lage de cobertura do cinema, uma espécie de "selo de qualidade Corposinalizante" para dizer: este espaço comprou nossa briga e passamos por aqui para valorizar sua ação! Que todas as salas de cinema acessibilizem os filmes e festivais!

Bolamos a imagem, que foi desenhada pelo artista gráfico Sato [casadalapa] nosso grande parceiro!

imagem: Sato>casadalapa


Mas infelizmente nosso tempo foi curto e não conseguimos autorização do Cinema para abrir a imagem lá!

Diante disso, decidimos carimbar a passarela Ciccilio Matarazzo, que liga o antigo DETRAN, futuro MAC, ao Parque do Ibirapuera. Porque este lugar? Isadora, Felipe e Luana explicaram no sábado, durante a ação:

"Por que o prédio do DETRAN será usado como instalação do MAC. E dentro do Parque existem vários outros museus: Museu Afro Brasil, MAM, Bienal, Oca... e o Corposinalizante pretende mostrar ao mundo a importância do acesso a cultura pelos surdos."

"Queremos acesso a cultura! Aos museus, aos teatros, aos cinemas! Queremos legendas nos filmes nacionais, educadores surdos trabalhando em espaços culturais, intérpretes nos cursos de formação em arte!"

Corposinalizante abrindo o "carimbo" na passarela Ciccilio Matarazzo.
A mão do grupo sendo vista do céu...


A ação de hoje seguiu muito bem, como previamos... (eu não esperava que os cartazes fossem ser impressos em 12 tiras de papéis!) Ficou difícil de montar o quebra cabeças e ainda pior com o vento forte... (esquecemos as pedras para segurar)... isso foi o ponto difícil da atividade! :)

Na passarela, o cartaz ocupou quase toda a área (por essa eu não esperava!) e as pessoas ficaram em dúvida se poderiam passar por cima do papel ou não. O cartaz não ficou apontado para o norte, e sim para leste, na frente do futuro MAC. Ficamos no local desde cerca 10:10 até 11:00 (o Daniel Lima tinha dito que poderiamos ficar das 10:20 até 10:40, para garantir).

Tivemos a participação de Thiago Lucena, na câmera, registrando tudo. Nos últimos 20 minutos, Thiago filmou Isadora, Luana e eu (Felipe) narrando sobre o motivo da localidade, objetivo da atividade, importância etc.

E mais, tivemos a presença da Profa. Vera Pallamin, da FAU-USP, que veio nos visitar e conhecer, recomendada pelo Daniel, e ainda nos ajudou!

Usamos as luvas de borracha que a Regina comprou, sentamos e deitamos no cartaz... no fim da atividade, dobramos o gigante desenho e o guardamos no MAM, pois o mesmo vai ser usado na quinta-feira, na aula do Aprender para Ensinar, já que estamos trabalhando com "performance" e "intervenção".

Agora vamos aguardar notícias da imagem de satélite e do vídeo de 8 minutos, que será feito com todas as ações realizadas no sábado! Nosso vídeo precisará de legendas em português, pra que todos entendam nossos depoimentos.

Para acompanhar as ações do "O Céu nos Observa", entre aqui:
http://oceunosobserva.blogspot.com/

Logo nosso vídeo estará no ar!

Agradecemos ao Sato e Thiago Lucena pela parceria!

Corposinalizante

Texto: Cibele Lucena e Felipe Lima
Fotos: Cibele Lucena

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e La Langue de Signes Française (LSF): Duas línguas e uma mesma questão


Mil Mãos para um Mundo


No mês passado, recebemos duas pessoas muito especiais em nossa reunião do Corposinalizante.

Pauline e Jessica, jovens surdas, moram na França e participam da equipe do projeto Mille Mains Dans un Monde (Mil Mãos para um Mundo/ tradução livre). Elas vieram para São Paulo por que estão visitando surdos da América do Sul.

Mil Mãos para um Mundo é um grupo de repórteres amadores surdos que vai ao encontro de pessoas surdas no mundo. Explorando diferentes estilos, culturas e estudando o lugar das línguas de sinais nos países visitados.

A gente conversou quase normalmente, como os surdos fazem. Mas, como isso foi possível?

Antigamente não existiam escolas para surdos no Brasil, obviamente, e nós ainda não usávamos nossos sinais próprios. A primeira escola de surdos no Brasil foi criada em setembro de 1857 (INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos) por Dom Pedro II, no Rio de Janeiro e teve como primeiro professor Ernesto Huet, um surdo francês que trouxe a Língua de Sinais Francesa.

O Professor usou os mesmos sinais da França (La Langue de Signes Française "LSF") para o ensino no Brasil, principalmente os sinais das letras e números. É claro que agora, após muitos anos, os brasileiros já têm a sua própria língua de sinais (Língua Brasileira de Sinais "LIBRAS"), mas alguns sinais ainda são parecidos, o que dá uma ligação especial entre os surdos brasileiros e franceses.

Para conhecer a postagem de Pauline e Jessica sobre nosso encontro e conhecer mais do projeto Mille Mains Dans un Monde, entre aqui:



Texto: Felipe Lima

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Corposinalizante em Mostra de Vídeos de Londrina

O projeto Roda Memória, de Londrina, realizou em fevereiro deste ano um evento chamado "Comunicação e Memória". Neste evento, voltado para a reflexão sobre a importância da comunicação na circulação e preservação da memória, aconteceram palestras, exposição fotográfica, mostra de vídeos e vivência em danças brasileiras.

A mostra de vídeos apresentou, além dos vídeos do projeto, produções audiovisuais de parceiros locais e nacionais - entre eles, o filme "Corposinalizante", realizado pelo grupo Corposinalizante em 2009.

O projeto Roda Memória, assim como o encontro “Comunicação e Memória”, contaram com o patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Londrina.

foto tirada do site:
http://jornaluniao.com.br/noticias.php?editoria=&noticia=NTQzNw==

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Corposinalizante no jornal "PUC em Notícias"

O "PUC em Notícias", jornal quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, fez uma matéria especial sobre o grupo Corposinalizante:

Leia aqui um trecho:

[1ª quinzena de abril de 2010, Ano 2, número 17]

Corposinalizante
Arte e Tecnologia facilitam inclusão de surdos
Bete Andrade

Era para ser apenas um blog, mas já ganhou as ruas. Assim é o Corposinalizante, projeto que vem chamando atenção de pessoas ligadas às artes plásticas, à mídia e ao cinema.

(...) Lima, que participa do grupo desde sua criação, conta que a idéia inicial era postar no blog artigos referentes às atividades desenvolvidas durante as aulas do projeto Aprender para Ensinar, do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM. "No entanto, começaram a surgir convites para participar de programas de televisão, de dois curtas-metragens em forma de documentário... e a iniciativa foi se ampliando".

Atualmente, o grupo participa, a convite do diretor de cinema Kiko Goifman, da produtora Juliana Di Grazia e do Sesc Tv, de um documentário para a televisão sobre os trabalhos do Corposinalizante e a vida cotidiana de jovens surdos. Os integrantes também estão em permanente campanha pela inserção de legendas nos filmes brasileiros e nos programas de televisão nacionais.

Os jovens ainda desenvolvem e executam intervenções urbanas, com a finalidade de reivindicar inclusão social e mostrar que não apenas se interessam por arte, mas são também capazes de produzi-la.

De todas as atividades das quais participa junto ao Corposinalizante, o jovem Castilho destaca a que considerou como uma das mais emocionante para o grupo: um trabalho de formação de professores durante o projeto Círculo de Histórias, realizado em parceria com a organização Ashoka, pioneira no trabalho com empreendedores sociais.

"Nesse evento tivemos a oportunidade de trocar experiências da vida com professores formados em grandes universidades", relembra.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

1ª Feira de Turismo Muito Especial

O MAM, na área de Acessibilidade, foi convidado para participar da Primeira Feira de Turismo Muito Especial de Pernambuco. E eu (Leonardo Castilho) fui para Recife-PE para representar os trabalhos de acessibilidade do Programa Igual Diferente, num stand no Shopping Paço Alfândega, em Recife.



Eu levei duas fotos do atendimento em LIBRAS na exposição "MAM60" na OCA: uma foto minha e a outra do educador Edinho. Também levei algumas fotos feitas pelos cegos que participaram do curso de fotografias no MAM.

Produções artísticas do grupo Corposinalizante como: "Queremos legenda nos filmes nacionais", os cartões postais "Nosso Corpo Nossa Língua" e os vídeos "Atrás do Mundo" e "Corposinalizante", também foram contemplados, além das entrevistas realizadas com o grupo pela imprensa.

Os folders do MAM também foram expostos no meu Stand. Recebi muita gente neste Stand. Pessoas ficaram sentadas nas poltronas conversando comigo e tiraram muitas dúvidas. O que mais chamou a atenção destas pessoas foram as fotos produzidas pelos cegos. Elas ficaram bobas, perguntaram um monte de coisas que eu chegava até a me perder no assunto! (risos)


As pessoas que conheci em Recife me mostraram muitos projetos em planejamento, principalmente com os surdos e cegos nos museus desta cidade e também nos museus de Salvador, se eu não estou enganado.

Disponibilizei meu e-mail para algumas destas pessoas e algumas delas já entraram em contato comigo pedindo explicações sobre acessibilidade dos surdos e sobre os cursos do "Igual Diferente", dai eu respondi de forma "detalhada" e elas adoraram minhas respostas!

Foi a minha primeira experiência viajando fora de São Paulo representando o "Igual Diferente". Chegando lá em Recife eu tive toda ansiedade de falar como é este programa, mas ao mesmo tempo, me senti tão feliz e orgulhoso, sabe como é?

Adorei ter participado dessa viagem, mas teve uma hora que fiquei um pouco perdido, pois fui sozinho e essa experiência de compartilhar a vida e o trabalho foi "MEGA".


Texto e fotos: Leonardo Castilho

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Corposinalizante no site PUC-SP

Oi Leitores!

O Corposinalizante é desquate nas noticias no site da PUC, segue abaixo:

22/02/2010

ex-alunos da Derdic saem em matéria na revista Época SP
O Corposinalizante, grupo de jovens artistas, educadores e pesquisadores surdos e ouvintes, saiu na matéria de capa da edição de janeiro da revista Época São Paulo. A matéria, intitulada A cara de São Paulo 2010 - 25 paulistanos que vão fazer o ano novo mais inspirador, ousado e divertido, aponta nomes como o cineasta João Daniel Tikhomiroff, a cantora Céu, a nadadora Poliana Okimoto, o jogador de futebol Roberto Carlos e o desenhista Mauricio de Souza.

Surgido do desdobramento do curso de formação em arte para educadores surdos e ouvintes Aprender para Ensinar (que, desde 2002, é realizado no MAM), o Corposinalizante tem entre seus integrantes quatro ex-alunos da Derdic e já realizou alguns filmes curtas metragens. Atualmente, o grupo está desenvolvendo as campanhas "Queremos Legendas em Filmes Nacionais" e "Nosso Corpo, Nossa Língua", por meio de performances e intervenções na cidade. Seus trabalhos podem ser acompanhados pelo blog www.corpo-sinalizante.blogspot.com.

http://www.pucsp.br/imprensa/noticias.htm

Corposinalizante

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Círculos de Histórias

A convite das instituições Museu da Pessoa, ASHOKA e Mais Diferenças, que contataram os jovens do Corposinalizante, fizemos um trabalho de formação de professores em Círculo de Histórias, metodologia que usamos em nosso filme "Corposinalizante".

Então, como é um Círculo de Histórias? Cada um conta uma história da sua vida, escolhendo uma coisa muito importante ou marcante que aconteceu. Para aquecer este círculo, também usamos mímica, onde cada participante fala um pouco do que fez no dia anterior ao encontro.

No primeiro dia de formação trocamos exemplos da vida com professores e jovens estudantes, foi um dia longo e emocionante, um trabalho maravilhoso e um prazer ter conhecido as pessoas da ASHOKA e os professores de outros lugares.

Depois, no segundo dia de formação, o Corposinalizante teve outro encontro com jovens, na CASA DAS CALDEIRAS. Conhecemos mais pessoas novas e outros estudantes. Fizemos Círculo de Histórias novamente e, ainda mais, tivemos o processo filmado pelo pessoal da ASHOKA e Mais Diferenças.






evento na Casa das Caldeiras onde fizemos o 2º Círculo de Histórias


Para mim, foram dias muito especiais, por ter conhecido pessoas novas e professores.

Mostramos que não tem diferenças entre pessoas profissionais e jovens para um trabalho comum e de contação de histórias de vida.

Esse momento é muito especial para o nosso blog e para nossos trabalhos se espalharem pelo mundo todo. Pensamos que precisamos unir pessoas que precisam da nossa alegria e da nossa compreensão do mundo!






Círculo de Histórias na Cada das Caldeiras

texto: Luana Milani
fotos: Leonardo Castilho (com celular!) e
Cibele Lucena

terça-feira, 17 de novembro de 2009

1ª Temporada Ponto Brasil Estreia na TV Brasil dia 21 de Novembro


O Ponto Brasil é o único programa de televisão realizado de modo integralmente colaborativo por cerca de 100 pontos de cultura e coletivos audiovisuais. A primeira temporada estreia na TV Brasil dia 21 de novembro às 23h45.

São 14 episódios temáticos de meia hora compostos por trabalhos realizados em todo país. Cerca de 400 pessoas, envolvidas no projeto, produziram 130 vídeos em 18 semanas de gravação, durante este ano. Desde os primeiros argumentos até a edição, cada vídeo é assinado por grupos que se reuniram sob a orquestração da equipe fixa do Ponto Brasil.

Grande parte desse processo colaborativo ocorreu pela internet. O Ponto Brasil desenvolveu um método online de criação de conteúdo e produção audiovisual que está registrado na plataforma de trabalho www.pontobrasil.org.br.

O Ponto Brasil esteve em Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Bahia, Ceará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Acre e Pará. Em cada estado, houve uma intensa mobilização virtual, durante dois meses, pontuada por alguns encontros presenciais e muitas reuniões por skype, culminando em uma semana de gravações detalhadamente planejada ao longo desse período.

Os materiais produzidos pelo Brasil afora estão misturados em cada um dos programas. Cada episódio reúne, em torno de um tema-eixo, interpretações deste mote realizadas a partir do amplo leque de coletivos que compõem a rede Ponto Brasil, resultando em 14 caleidoscópios culturais em forma de programas de televisão.

O Ponto Brasil é uma co-produção TV Brasil e Secretaria de Cidadania Cultural (MinC).

Série inédita de 14 programas de televisão, feita por 100 Pontos de Cultura e coletivos populares, em 15 estados brasileiros ao longo de um ano de processo colaborativo

Estreia dia 21.11, 23h45, TV Brasil

tv aberta, canal 2 no Rio e Maranhão;

tv digital, canal 63 em SP;

tv por satélite, canal 116 em todo o Brasil.

+ Assista o primeiro programa [Cidades] em

http://www.pontobrasil.org.br/jx/taiser/0

Um pouco sobre [Cidades]

Recém chegada em Belo Horizonte, Cidinha sonha com sua pequena Milho Verde, enquanto descobre a metrópole. No Acre, um silêncio eloqüente movimenta um ônibus. Em São Paulo, quilombolas urbanos ocupam seu lugar no presente. Em Londrina, vizinhos solitários se escutam pelos vãos e corredores de um prédio. Em Goiânia, a vida e a morte, urbana e universal, se misturam. De volta à São Paulo, os personagens por trás dos nomes das ruas são confrontados pela voz abafada dos vencidos. Em Niterói, um homem se perde numa floresta urbana de símbolos comerciais.

Grupos que fizeram [Cidades]

DuRolo Filmes | Fórum de Cultura de Niterói | Fundação de Comunicação e Cultura Elias Mansour | Minha Vila Filmo Eu | Museu da Pessoa | TV UFG | Ação Animatógrapho | Afrofuturismo | Alice Prepara o Gato | Associação Samaúma Cinema e Vídeo | Balacobaco Cinema & Produções | Bem TV | Campus Avançado | Cinema em Dia | Coletivo As Rutes | Coletivo Fora da Lei | Cordão Cultural por Milho Verde | Corposinalizante | Magnífica Mundi | Me Vê na TV | Movimento Arte Jovem Brasileira | NPD Usina de Arte João Donato | PADOP | Política do Impossível | COEPI | Pop Goiaba | Roda Memória | UEG Audiovisual

Equipe fixa Ponto Brasil

criação de método colaborativo | Leandro Saraiva

coordenação geral | Janaina Rocha e Leandro Saraiva

núcleo de conteúdo | Anna Flávia Dias, Eduardo Benaim e Pedro Guimarães

núcleo de produção | Carol Barboza e Paulo Tavares

núcleo de vídeo | Daniel Prado e Marcelo Coutinho

núcleo de áudio e trilhas | Ben Charles

edição e finalização| Adelson Barreto, Daniel Prado, Marcelo Coutinho e Wagner Caribé

programação visual | Paula Ordonhes

assistência de coordenação | Dáugima Figueredo

desenvolvimento de sistemas | Wendelmaques Pereira

veja também:

11 chamadas + promo em

www.youtube.com/pontobrasilorg

twitter.com/pontobrasil

www.pontobrasil.org.br

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Coletivo sobre manifestações artísticas urbanas

www.intervencoes.com.br - criado pelo paulista Leandro Ogalha, este é um site coletivo sobre arte na cidade. lá encontramos diversos trabalhos de intervenção - nacionais e internacionais - inclusive as ações do CORPOSINALIZANTE!

Confiram o site!!



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Corposinalizante na Revista TRIP

Felipe Lima e Luciana Yamamoto representam o Corposinalizante na matéria "DIRETO DO FRONT". Revista TRIP, ano 23, outubro 2009, Nº 182, pág. 116.
Texto: Ana Maria Peres. Fotos: Peetssa.

Eles não são dois, são nove. Fazem questão de dizer. Integram o Coletivo Corposinalizante, formado por jovens surdos e artistas que se conheceram no Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde se encontram semanalmente. Felipe e Luciana frequentam um curso que prepara educadores para as exposições, utilizando a Lingua Brasileira de Sinais. No decorrer dos encontros, alimentaram uma revolta com arte e fizeram o vídeo "Atrás do Mundo" (www.youtube.com/corposinalizante), um registro da reivindicação do grupo por legendas nos filmes nacionais. De câmera em punho, visitaram a Rede Globo e a Columbia Pictures à procura dos responsáveis. Ainda sem previsão de resposta, continuam pedindo legendas por meio de cartazes e intervenções urbanas. Em novembro de 2007, também participaram de uma passeata na avenida Paulista, com mais de 2000 pessoas. "O governo queria fechar as escolas especiais para surdos nos obrigando a entrar nas escolas comuns. Fomos contra essa rejeição da cultura surda".

http://revistatrip.uol.com.br/revista/182/arthur-verissimo/direto-do-front.html



sábado, 11 de julho de 2009

1, 2, 3, ZAP!!!!

Na última quinta-feira fomos ao ZAP!

Zona Autônoma da Palavra, a primeira noite de "Poetry Slam" (batalha de poesia) do Brasil. Acontece toda segunda quinta-feira do mês no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos - Teatro Hip Hop.

É um espaço dedicado à poesia falada, ágora livre, fresta no tempo, onde a diversidade é convidada de honra e a celebração da palavra o principal objetivo. A entrada é livre, é só chegar. A noite começa com a projeção de um filme às 19h. Em seguida, às 20h, começa o "Microfone aberto", onde podem ser declamadas (ou lidas) poesias e textos autorais e de outros autores. Às 21h começa a batalha, o "Slam"! Qualquer pessoa pode participar, é só se inscrever na hora! Quem ganha o "Slam" leva como prêmio uma pilha de livros! livros! livros!



Neste ZAP! assistimos o filme "Carta ao Presidente", que trata da relação
política X hip hop.





Participantes...



Eugênio Lima o ZAPeão da noite!!

No blog do ZAP! eles comentam nossa participação:
(...) e a diversidade esteve presente no palco e na platéia: tivemos a participação do grupo de artistas surdos Corposinalizante (www.corpo-sinalizante.blogspot.com) e tradução simultânea das poesias para LIBRAS (Lingua Brasileira de Sinais).


confira mais informações aqui: http://zapslam.blogspot.com

O sarau foi inspirador! Estamos pensando em voltar no próximo para apresentar poesias em LIBRAS! Poesias corporais-visuais...Abaixo algumas poesias do Corposinalizante:


*
Grande Partida da Infância
(Felipe Lima)

No meio da rua
Num velho bairro da periferia
Terá uma grande partida
Onde o grande é pequeno


Em pleno sábado quente
Chegaram sem hora marcada
Os rostos dos jogadores são como uniformes
Depois de ímpar e par e após disso a bola já é rolada

Onde tem bola velha e murcha
Ou bola de tênis suja
Ou até lata de cerveja amassada do papai
Que é a bola do jogo

O par de tênis que fica entre gols como trave do gol
Chinelos velhos que ficam nas mãos como luva do goleiro
Sem limites dos números de jogadores
Tem permissão de jogar sem ou com tênis

Os olhos dos jogadores fixam na bola
Esquecem a placa do jogo
Até esquecem o dever de casa
Até esquecem o almoço

Os ruins vão para o gol
Os bons só atrás da bola
Raramente terá substituições
Todos os jogadores são juízes

O jogo pode ser interrompido
Quando o Fusca ou a Brasília passarem na rua
Também quando a bola cair no quintal da vizinhança
Após isso, resgatam uma bola e normalmente o jogo volta

O jogo nunca vai terminar, até anoitecer
Ou até quebrar um vidro da vizinhança
Ou até a tempestade
Ou até a mãe do dono da bola chamar para ficar de castigo

Assim o jogo termina!


Passarar
(Cibele Lucena)
Pas.sa.rar (prática abaquar) vint 1
Ato de fazer acrobacia; rasante da ordem dos passeriformes; 2 Locomover-se aos saltos; 3 Confiar nos cantos: o que aqui ressoa, ressoa lá; 4 Projetar o corpo para o passado e para o futuro em tempo presente: aqui e lá são apenas possíveis; 5 Estender-se; transmigrar; planar: um pássaro à frente e você não está mais no mesmo lugar.


Salto Alto, altíssimo
(Joana Zatz Mussi)

Por que rígida quanto como somos?
Bate em tecla mesma
Mesmo sem querer
E bate, bate perna, procura, experimenta e não acha
Cadê?

Esta ali atônita, o universo a sua volta e olha
e não encontra
Pensou um dia que queria um vestido vermelho
Talvez um sapato bem alto, para ver do alto

Mas não sabia direito, o sentimento era este
Mas era outro
Vermelho na verdade pois queria ser mulher
E não sabia
O alto salto do sapato, porque queria saber saltar
E aprender, finalmente, a ir do alto para o baixo
E do baixo profundo para o alto
E no altíssimo sentido do mundo não se perder

Só que não ouviu direito, aquela mulher
Não se ouviu, não se fez
E bateu perna e a cabeça,
Vou te falar, ah, ela bateu!

Quanta tristeza criou para si mesma,
quantas lojas visitou
sem se encontrar, sem saber porquê,
e se perguntava: por quê?

Até que um dia tirou o salto e pensou sobre ele
E percebeu que lá estava contida toda a sua angústia
E a sua cura

Para colocá-lo e retirá-lo era preciso
muito mais esforço do que jamais imaginara
E o sentimento profundo daquele movimento
Alto, baixo,
Amplidão, minúcia,
Gênero e Espécie

Sentiu, finalmente sentiu a pulsação da vida
Naquele salto pôde passar do sofrimento e rigidez
À deliciosa maciez do mundo
E, assim, concebeu a si mesma.


Fotos: Cibele Lucena e Rafael Leona
Corposinalizante

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A REBELIÃO DAS CRIANÇAS

Educação Radical, Ljubljana, Eslovênia

Olá queridos alunos do Aprender para Ensinar, Corposinalizantes! Estamos aqui na Eslovênia, em um encontro entre grupos de diferentes partes do mundo que trabalham com arte e educação. O encontro foi promovido por um grupo esloveno chamado Educação Radical.


Viemos para cá para mostrar o trabalho
A Rebelião das Crianças do grupo Contrafilé, do qual fazemos parte. Além de mostrar o que estamos fazendo com crianças de São Paulo, resolvemos criar alguns encontros para conhecer a realidade deste lugar tão diferente e distante. Conhecemos uma educadora chamada Adela, que é coordenadora do setor educativo da Moderna Galerija de Ljubljana, o principal museu daqui. Ela desenvolve um projeto muito interessante, chamado "School on The River" [Escola no Rio] que faz parte de um programa maior,"Museum in the Street" [Museu na Rua]. Uma das ações do projeto é criar encontros com crianças imigrantes de vários lugares da Europa do Leste e da Ásia. A maioria dessas crianças veio com os pais, fugindo de situações de desemprego ou guerra.

A Adela nos convidou para participar de um encontro com algumas destas crianças. Inventamos uma atividade para descobrir um pouco sobre como é para estas crianças morar aqui. Cada um teria que mostrar um lugar importante no entorno da escola e os outros teriam que adivinhar o porquê da importância do lugar para a pessoa.


Bairro onde estudam e moram as crianças imigrantes.


Casa onde moram 3 famílias imigrantes.
Entre elas a família de Almina, que participou da atividade.

Estavam presentes Tugs, uma menina da Mongólia e Almina, da Bósnia, assim como a educadora Adela, da Eslovenia e todos do grupo brasileiro Contrafilé (Cibele, Jerusa, Joana, Peetssa e Rafael). No começo, as meninas estavam um pouco apreensivas. Diziam: "Nós também somos turistas aqui. Como vamos mostrar para vocês um lugar que não conhecemos?" Para nós, foi uma surpresa. Não esperávamos por isso.


Tugs, Almina, Adela e Contrafilé se apresentam.
Cada um conta a história de seu nome.


Almina e Tugs.

Para quebrar o gelo, Adela foi a primeira a escolher um lugar importante para ela. Ela escolheu um lugar do rio onde ficam ancorados os barcos - na cidade de Ljubljana passa um rio muito bonito. A Tugs achou que a Adela tinha escolhido este lugar porque lembrava ela de alguma história romântica. A Tugs perguntou: "Você já viajou com o seu marido num barco?" Ela respondeu que sim, que ela nasceu, cresceu e conheceu o marido na cidade e que muitas vezes já tinham viajado juntos de barco. Contou também que esse rio é muito importante porque atravessa mais de um país: começa na Sérvia, atravessa a Bósnia e a Croácia, passa pela Eslovênia e desemboca no mar Adriático.


A Joana perguntou se a Adela tinha escolhido o rio porque ele conecta diferentes pessoas e lugares. Ela disse que essa era uma boa idéia. Aí a Jerusa falou: "Já sei! Você fez um projeto de educação chamado 'School on the River'! É por isso!"

Aí, a Adela falou que sim e a Cibele comentou: "Eu achei muito legal essa idéia do rio porque ele atravessa vários países naturalmente, sem fronteiras. Como os pássaros que migram de um lugar para o outro sem ter nenhuma barreira, proibição, polícia, passaporte e preconceito..."


Adela nos leva até o rio e cada um levanta uma hipótese para descobrir porque ela escolheu aquele lugar.

A Almina estava um pouco estranha. Olhava para o barco, ia perto dele, mexia em algo, aí voltava, ouvia um pouco a conversa, e de novo se aproximava do barco. Pensamos que ela não estava prestando atenção. Até que ela desabafou: "É a primeira vez que eu vejo um barco na minha vida!"


Nossa! Que incrível! Perguntamos o que ela estava sentindo
. Ela disse que era um pouco assustador, que era muito grande, que ela estava com um pouco de medo. Ficamos impressionados porque ela mora muito perto do rio há 6 meses, e nunca havia ido até lá.

Estávamos nos preparando para nos despedir quando Almina disse que queria nos mostrar um lugar. Primeiro mostrou o Mercator (supermercado) onde ela e sua família fazem as compras. Depois, percebemos que atrás do supermercado tinha uma igreja evangélica. Ela apontou a igreja e a primeira coisa que pensamos foi: deve ser o lugar onde ela pratica sua religião. Mas logo, de novo, mais uma surpresa.


Almina começou a nos contar que ela é muçulmana, assim como sua familia. E que, por isso, ela nunca poderia - e também nem gostaria - de entrar naquela igreja, onde muitos de seus colegas da escola frequentam. Ela explicou que na sua religião não existe igreja
, existe mesquita. Ela e sua familia rezam 5 vezes por dia para Alá.

Na mongólia existem 3 religiões: católica, islâmica e budista. Tugs nos contou que ela e sua familia são budistas e que, junto com outros imigrantes, usam uma casa alí no bairro como templo, onde todos meditam juntos. A principal prática do budismo é a meditação.

Jerusa contou sobre o xamanísmo no Brasil, um ritual onde cabem pessoas de muitas religiões. Foi uma conversa muito importante. Almina disse que mesmo com as diferenças religiosas, fora da igreja - na rua e na escola - todas as crianças brincam juntas.


Almina contando sobre sua religião muçulmana.


Cibele e Joana

Fotos: Peetssa