segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

VALE - apresentação de dança!

Atenção Atenção!

Isadora Soares Borges, performer, dançarina, educadora, integrante do Corposinalizante, apresentará seu TCC de dança no teatro TUCARENA.

VALE
PUC-SP / Comunicação e Artes do Corpo / TCC-dança2010

07/12 - 21h (banca examinadora)
08/12 - 21h
11/12 - 16h
12/12 - 16h

TUCARENA
Rua Monte Alegre 1024

Entrada Franca

APAREÇAM!!!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Após o sinal, deixe o seu recado

Atenção comunidade surda:

No dia 17 de novembro acontece em São Paulo o "Ensaio Aberto#1" da peça teatral "Após o sinal, deixe o seu recado".

A peça terá intérprete de LIBRAS.

Centro Cultural da Espanha em São Paulo
Av. Angélica 1091 - Higienópolis
17 de novembro de 2010 - 20h30
25 lugares - Gratuito.

Compareçam!


www.blogdapensilvania.blogspot.com

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Video AVLAB#5

Saiu o video do encontro AVLAB#5 no Centro Cultural da Espanha, no qual Felipe Lima e Luana Milani apresentaram o trabalho do Corposinalizante:

AVLAB # 5 - Tecnologias sociais: arte colaborativa e intervenção urbana. Pt2 from Centro Cultural da Espanha-AECID on Vimeo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Corpo Nossa Lingua, o filme

O processo do filme “Corpo, Nossa Língua,” tem sido bastante intenso até agora. Com o objetivo de mostrar a relação da comunidade surda com a educação, o nosso grande desafio é conseguir fazer isso sem deixar de lado a dimensão poética, artística e criativa do nosso trabalho. Por outro lado, é importante que o contexto a partir do qual falamos se torne claro para aqueles que não participam e não conhecem essa realidade.


As duas primeiras entrevistadas do filme foram Karina, uma menina de 10 anos de idade, e Luana, uma adolescente. Com um tapete na mão, “objeto delimitador do espaço de conversa”, os entrevistadores, jovens do Corposinalizante, criaram situações de escuta no meio da cidade. Karina escolheu para contar a sua história um parque e Luana a Avenida Paulista.


A história da Karina relata a história da “fada dos dentes”, que teria aparecido à noite em uma viagem que fez com a escola. A da Luana relata a sua relação com os livros, o gosto que tem pela leitura. São histórias simples e que não tem uma relação direta e óbvia com o tema “educação na comunidade surda”. A relação com o tema é, na realidade, sutil, quase invisível. Diz respeito, sobretudo, à possibilidade que essas duas meninas tiveram de estabelecer relações saudáveis com o espaço-tempo do aprendizado; criar afetos com objetos comuns entre culturas (o livro, o universo da escrita, é uma linguagem acessada pelos olhos e não pelos ouvidos).


Apesar da riqueza poética das entrevistas, percebemos, também através dos olhos críticos do pessoal da Matizar, que faltava uma inserção mais “objetiva” no filme, até para que a sutileza ganhasse mais força e sentido. Por isso, passamos a focar na idéia de fazer conversas mais jornalísticas com os dois entrevistados que viriam a seguir, preparando algumas perguntas mais focadas na relação deles com educação.


Com isso, poderemos misturar na edição duas conversas mais soltas (narrativas de histórias pessoais), com duas mais objetivas. O 3º entrevistado, já filmado, teve uma experiência diferente com educação: ele fez o colegial em uma escola de ouvintes, sem intérprete de Libras, e hoje está terminando a faculdade.


Fizemos essa diária de filmagem na última quinta-feira e a entrevista foi muito boa! Além de pedir para ele nos contar uma história pessoal, nós também fizemos perguntas mais objetivas e direcionadas a ele, o que trouxe um contexto muito maior da relação surdo/educação para o filme.


A história pessoal foi muito bacana. Ele nos contou que estudou no Mackenzie durante o colegial, não teve acesso a um intérprete e, por isso, usou leitura labial em todas as aulas - o que muitas vezes foi super complicado, principalmente quando os professores esqueciam de sua presença e viravam de frente para a lousa (de costas para os alunos) e continuavam falando. Mas ele sempre chamou a atenção de todos para a sua presença e tirou notas muito altas em todas as matérias, exceto em uma delas. O professor desta matéria na qual ele não tirava boas notas, foi procurá-lo certo dia, perguntando por que ele não ia bem. Ele explicou que, por conta de sua barba, não conseguia fazer leitura labial e compreender os conteúdos. Na mesma hora, no próprio horário escolar, o professor, que usava uma barba enorme, voltou para a sala de aula sem barba!


As respostas deste entrevistado para as nossas perguntas foram muito importantes para melhorar o foco do filme e trazer de maneira mais forte o contexto da educação para a comunidade surda:


1) Conte uma história pessoal que tenha relação com sua experiência escolar.

2) Quanto tempo você estudou na escola especial e na escola comum?

3) Estudar em uma escola de surdos antes de estudar com ouvintes foi importante em que?

4) Quais estratégias você usou para acompanhar as aulas expositivas (leitura labial, aparelho auditivo, copiou anotações feitas na lousa, emprestou caderno de amigos, estudou com amigos?

5) O que você acha da idéia de inclusão na educação?


Agora estamos preparando nossa última entrevista, com um senhor de mais idade que seja professor surdo. Queremos, com isso, entender a trajetória de alguém que tenha sido aluno surdo em uma época na qual a Libras era proibida como língua, e agora é um professor para alunos surdos, usando a Libras como língua legítima e oficial. Pensamos em fazer essa entrevista tendo como pano de fundo uma biblioteca ou uma escola, trazendo essa imagem de forma mais forte nessa personagem, de modo a remeter diretamente a esse contexto. Faremos esta 4ª e ultima entrevista ainda esta semana.


Também estamos pensando em como trazer a performance corporal para ser usada, visualmente, no final do filme, pois isso também é algo que marca nossa identidade como grupo. Estamos escrevendo um breve parágrafo, que contextualiza a situação da educação dos surdos no Brasil, até quando o uso da Libras foi proibido em escolas brasileiras etc... e pensamos em fechar o filme com este pequeno textinho (em GC) e a ação acontecendo visualmente.


Nosso grande desafio nesse momento é de fato conseguir misturar a dimensão mais poética do nosso trabalho com a dimensão mais objetiva e histórica da relação da comunidade surda com a educação.


Texto: Cibele e Joana

sábado, 18 de setembro de 2010

Narrando: 5° Encontro AVLAB

No dia 11 de Setembro deste ano - data importante, não por conta daquele ataque terrorista que vocês estão pensando! rsrs... - aconteceu um encontro no Centro Cultural da Espanha chamado 5° Encontro AVLAB/"Tecnologias Sociais: arte colaborativa e intervenção urbana".

O Corposinalizante foi convidado para apresentar seu trabalho, junto com dois outros grupos palestrantes. Eu, Cibele Lucena e Luana Milani nos dispomos à ir.

o Grupo "Experiencia Imersiva Ambiental - EIA" e "Esquizotrans" fizeram parte do encontro junto com o Corposinalizante.

Entre os ouvintes, no público estavam os surdos: Marcela (aluna do curso Foco em Libras do MAM), Alexandre Melendez (participante de dois de nossos filmes: Atrás do Mundo e Corposinalizante) e mais outros surdos. Tinhamos duas intérpretes, que trabalham na UniSantana e também apareceu a mãe e avó da Luana!

Apresentamos através de alguns slides a origem do Corposinalizante e suas principais ações e no final da apresentação exibimos o filme Atrás do Mundo. Todo mundo bateu "palmas para surdos”.

Após nossa fala, participamos de uma “performance” maravilhosa do EIA. Os artistas tinham um carrinho com uma jarra de chá quente, não lembro qual sabor, eram muitas ervas misturando os sabores, para animar o povo de lá. Falavam sobre sabores... por exemplo, se você quer sentir tesão, pega a pimenta para botar na água, se quer calma, bota canela ou algo assim.

Tudo foi perfeito naquele dia!

Texto: Felipe Lima

O Céu nos Observa

Assista aqui o vídeo final:

O Céu Nos Observa from daniel lima on Vimeo.



A proposta do documentário para web O CÉU NOS OBSERVA foi criar interferências numa imagem da cidade de São Paulo captada por satélite. Através de ações criadas por pessoas mobilizadas por uma chamada pública, o documentário propõs uma discussão sobre a capacidade de interferir coletivamente nas estruturas de controle e vigilância de escala global. Um processo poético de criação de “ruídos” na representação da metrópole.

Participação: Corposinalizante.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Palestra do Corposinalizante no AVLAB São Paulo

Olá todos e todas!

Neste sábado acontece em São Paulo o #5 Encontro AVLAB.

O tema do evento é: "Tecnologias Sociais: arte colaborativa e intervenção urbana".

O Corposinalizante será um dos palestrantes, representado por Felipe Lima e Luana Milani. Apresentaremos o histórico do grupo, nossos objetivos, a importância das tecnologias sociais para a nossa produção, entre outras coisas.

Projetaremos também um de nossos filmes: Atrás do Mundo!

Apereçam para nos prestigiar e ajudar a divulgar nossas ações!

ENTRADA FRANCA . TEREMOS INTÉRPRETE

Sábado 11 de setembro . 17h as 19h .

Centro Cultural da Espanha . Av Angélica, 1091 . Higienópolis

domingo, 5 de setembro de 2010

Corpo Nossa Lingua - Matizar

Vem aí uma novidade:

Há um mês fomos convidados pela produtora Matizar para participar de uma série de filmes para a televisão chamada "Porque a gente é assim?"!

A regra é: são 6 temas difrentes - educação, preconceito, fé, autoridade, sexo e consumo - tivemos que escolher um deles para documentar em um filme de 5 minutos.

Já escolhemos o tema "educação" e decidimos tratar da vida dos surdos na escolas.

A Matizar é uma produtora de cinema e vídeo do Rio de Janeiro, responsável, entre outros, pelos documentários Fala tu (2003), sobre músicos na Zona Norte carioca, e PQD (2007), sobre os recrutas da Brigada Paraquedista. Co-produzimos também, com a Videofilmes, os documentários Jogo de Cena (2007) e Moscou (2009), de Eduardo Coutinho. Temos curtido pensar este novo projeto como uma “meta-crônica”. Ou como “micro-crônicas”. Filmar gente de perto, sobre seus comportamentos, escolhas e hábitos comuns. Brasileiros em ação, e em reflexão, e o que isso nos diz sobre “Por que a gente é assim?”. Antes de avançarmos em nossos pontos de partida, gostaríamos de reforçar a nossa vontade (e a nossa necessidade) de vocês irem além deles.

Vamos mostrar o resumo do nosso projeto:

Corpo Nossa Língua, criado pelo coletivo de artistas e educadores surdos Corposinalizante, é um filme-intervenção sobre a relação dos surdos com a escola. Uma criança, um adolescente, um jovem e um adulto surdo, contam em diferentes espaços da cidade de São Paulo fatos que marcaram sua trajetória escolar. Os depoimentos são intercalados por imagens da cidade e pelo conjunto do conteúdo relatado.

Creio que um grande problema nosso é as pessoas não terem conhecimento dos surdos e pensarem que todos são a mesma coisa: torcem para o mesmo time, gostam do mesmo prato e tem as mesmas idéias. Alguns surdos se dão bem em escolas “comuns”, outros em escolas “especiais”. O mais importante na discussão é termos cada vez melhores espaços de comunicação, disso tratará o filme Corpo Nossa Língua. (Felipe Lima, surdo, 19 anos, integrante do Corposinalizante).

Usaremos depoimento, através de um círculo de histórias, como linguagem para trabalhar com histórias de vida de diferentes surdos e “cinema direto” como linguagem para captar imagens de uma performance realizada em uma escola.

Para o círculo de histórias, os convidados serão: uma criança, um jovem e dois adultos, com diferentes experiências de vida. Buscaremos histórias que tragam à tona, a partir da vivência escolar de cada um, muitas dimensões da comunidade surda, a constituição desta identidade e os seus desafios no interior da sociedade mais ampla.

Tanto as imagens da cidade quanto as cenas na escola serão filmadas com câmeras “Sony V1 HDV” e editadas em “Final Cut 7.0.1.”. Nosso parceiro para este projeto é o Thiago Lucena, que está fazendo câmera, edição e direção junto com a gente. Eduardo Consonni é outro parceiro, que está fazendo a segunda câmera.

Logo teremos mais novidades...

Texto: Felipe Lima

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Programa Login

Olá pessoal,

Na ultima semana, eu (Leonardo Castilho) fui convidado para participar do programa Login através de um e-mail.

Fiquei tão surpreso em receber um convite desse... depois pensei: seria muito legal aceitar esse convite, então aceitei.
No dia da gravação, o motorista da Tv Cultura foi me buscar no MAM, eu estava com a Daina, que me acompanhou no programa. Ela me contou durante o caminho à Tv Cultura que pegou a câmera de fotografia, e disse que ia tirar fotos enquanto eu estivesse fazendo maquiagem, antes de entrar no AR, e também enquanto eu estivesse sendo entrevistado no programa. Ao chegar na Tv Cultura, fomos chamados para entrar no estúdio. Quando eu entrei, vi um estúdio tão lindo e animado e o produtor nos deu o roteiro do programa. Nós alteramos algumas coisas escritas, como “Linguagem de Sinais”, mudamos para “Língua de Sinais”, “Deficiente Auditivo” para “Surdo”, “Guia de museu” para “Educador de Museu” entre outras coisas. Conhecemos a interprete convidada, Giselle Guimarães.


Fui chamado para fazer uma pequena maquiagem. Nessa hora a Daina foi pegar a câmera fotográfica e percebeu que não tinha o cartão de memória! Putz!! Ficamos sem. Antes de entrar no AR, a produtora do programa, Fabiana, nos apresentou ao diretor do programa, Leonardo, e também aos apresentadores, e começaram a pensar o que fazer com a intérprete, onde seria legal ela ficar para ser filmada e para que eu pudesse entender a tradução, né!?

A interprete tinha que ficar atrás das câmeras, para interpretar o programa todo, para todos os surdos que estivessem assistindo. Sugeriram então colocar a Daina no estúdio e chamaram ela para participar também, para poder me ajudar. Então colocaram a Daina, e ela ficou toda vermelha. Ao entrar no AR, eu já estava muito nervoso e com frio na barriga, porque eu fiquei pensando “AI MEU DEUS, ISSO É AO VIVO????”, por que estou acostumado a ficar em frente de uma câmera, gravando, mas depois editam.... aí sim.


O Programa Login fala somente sobre jovens, as novidades dos jovens no Brasil e no Mundo. O tema do dia era Surdez, assim eu teria que falar um pouco sobre a minha vida na comunidade surda, o que eu faço nos trabalhos, se já passei por alguma dificuldade ou preconceito etc. A Daina também participou na fala e me ajudou muito na interpretação.


Uma coisa eu adorei conhecer foi um novo programa de software, da engenheira Noelle Nascimento, que se chama VELIBRAS: é um programa que você escreve em português e tem uma telinha que tem um bonequinho que interpreta em LIBRAS, é incrível!!! Ele até interpreta em LIBRAS a voz, mas infelizmente esse recurso não funcionou no programa, por ter muita interferência sonora dentro do estúdio.


Seguem dois blocos do Programa nos links abaixo:

http://www.tvcultura.com.br/login/videos/naintegra/2010-07-19/28580

http://www.tvcultura.com.br/login/videos/naintegra/2010-07-19/28584


Leonardo Castilho

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nova Turma: Curso Foco em LIBRAS

Olá Pessoal!

Em agosto começa a segunda turma do curso de fotografia para surdos no MAM - Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Atenção: Vagas Limitadas!! Faça já sua inscrição!





Professoras: Karina Bacci e Maíra Soares

Professor Surdo: Leonardo Castilho

Intérpretes: Amarilis Reto e Lorran Velosa

Horário: terças, das 13h às 16h

Início: 10 de agosto de 2010

Duração: 4 meses

Valor: gratuito

Inscrições:

• Pessoalmente no MAM-SP, de segunda à sexta, a partir das 14h. Endereço: Parque do Ibirapuera, portão 3 – s/no – São Paulo – SP – Brasil – 04094- 000. Procurar por Leonardo Castilho.

• Pelo telefone: (11) 5085-1314, com Débora a partir das 14h, ou deixando um recado na caixa postal do Igual Diferente no período da manhã.

• Pelo e-mail: igualdiferente@mam.org.br

* É necessário ter fluência em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais)

Participe!


Realização do vídeo: Maíra Soares

terça-feira, 22 de junho de 2010

Invertendo Expectativas

por Vera Pallamin

Algumas ações artísticas recentes efetuadas em espaços urbanos paulistanos têm colocado a questão sobre espacialidades múltiplas e escala metropolitana acionando, sob certos ângulos, convergências e confirmação recíproca entre estas espacialidades, e em outros ângulos, invertendo expectativas, criando-se disjunções que se inscrevem como focos reflexivos. No projeto ´O Céu nos Observa´ concebido pelo artista Daniel Lima interceptam-se de modo singular especificidades do espaço fenomenológico e do espaço tecnológico e abstrato, indagando-se os nexos entre autoria e anonimato, registro e documento, aparência e evidência, controle e desvio, expectação e indiferença. Neste trabalho, interessa-nos também uma segunda questão, diretamente interligada à das espacialidades múltiplas, que se refere à comunicabilidade, ao modo como esta se dá entre os artistas, entre eles e os espectadores, e entre espectadores e obras: essa comunicação não é a da transmissão de informações, mas a de uma construção partilhada de conteúdo, realizando-se de modo coletivo.

Do ponto de vista da relação entre o estético e o político, quando aproximadas do pensamento de Jacques Rancière, estas ficções estéticas revelam incorporar em seu cerne a polêmica sobre a reconfiguração do comum e suas indeterminações, o que neste é abstraído ou fica de fora, o que aí é tolerável e possível, comprometendo-se com a construção de novas capacidades e a ampliação dos seus espaços de atuação.

I. Sobre as Espacialidades múltiplas


Esta imagem faz parte da intervenção intitulada ‘O Céu nos Observa’, de iniciativa do artista Daniel Lima, graduado em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP, e que desde 2001 vem desenvolvendo interferências no espaço urbano. Trata-se de um trabalho em curso, que se iniciou em maio, com a seguinte chamada, via email, enviada pelo artista, a qual cito por ser parte mesma da proposta e sintetizar a sua natureza:

Amigos,
Estou fazendo um novo projeto de intervenção e gostaria de convidá-los a participar!
No sábado, dia 15 de maio, às 10 horas, um satélite de altíssima resolução espacial vai fazer uma imagem de uma parte da cidade de São Paulo. Neste dia e horário, qualquer objeto ou corpo sob o céu - de preferência numa área iluminada pela luz do sol - com mais de 50cm (de largura) aparecerá na imagem de satélite. O rastreamento que solicitei desta área demora apenas 3 segundos. É quase instantâneo.
A área coberta será um quadrado de 10km x 10km, sendo os vértices: Parque Villa-Lobos; Praça da Sé; Aeroporto de Congonhas; Paraisópolis. Isto inclui parte do Centro, Zona Oeste e Zona Sul. Em anexo, envio uma imagem de satélite com coordenadas e principais marcos geográficos.
Faço uma chamado para que todos participem e proponham interferências para esta imagem de satélite. Vamos instaurar a possibilidade de estarmos juntos em ação no mesmo dia, num mesmo instante, em diferentes espaços da mesma cidade!
[imagem3] Como registro do acontecimento farei um vídeo de 8 minutos, tendo a imagem de satélite e os vídeos das ações como base. Assim, peço que gravem suas ações em vídeo (da maneira que quiserem) para que eu possa incluir no vídeo final alguns processos de criação e realização - me mandem um email para que possa recolher o material de vídeo.
Nos dias seguintes a imagem de satélite estará disponível num site [em desenvolvimento] para que todos possam compartilhar as diferentes ações e também "subir" seus vídeos.
(...).
Qualquer dúvida ou necessidade ou sugestão me escrevam: danielcflima@yahoo.com.
Por favor, repassem a todos que puderem. A mobilização pública para este dia é fundamental! Conto com vocês!!!
abr,
Daniel Lima

Neste projeto e em sua formalização estética estão em jogo múltiplas espacialidades, num conjunto aberto: consideram-se intervenções a serem realizadas em uma imensa área de São Paulo com cerca de 100k2, nas quais se entrelaçam a escala metropolitana, a local, a do gesto e aquela global, implícita nesta imagem. Neste território não há localidades definidas, pré-aprovadas ou pré-selecionadas como mais aptas, mais afeitas ou disponíveis para tais ações: não há repartição prévia dos lugares; estando nos limites intra-coordenadas da imagem e em espaços descobertos, todos são igualmente considerados, equalizando-se possibilidades. Também não há repartição prévia entre os interventores artistas e não-artistas. A chamada inicial, disseminada via rede, está aberta à inclusão de qualquer um. Não se sabe, a princípio, quem fará o quê e onde: poderia ser que o chamamento do artista estimulasse várias respostas, ou não. No início há incerteza. Percebe-se a repercussão efetiva da iniciativa à medida que os vídeos das ações vão sendo disponibilizados pelos seus autores ou protagonistas no site do trabalho: o modo virtual é aquele que propicia a reunião do que foi feito e a apreensão de sua abrangência. Ao anonimato inicial, que é matéria mesma da matriz proposta, conjuga-se um desejo, do artista, de formação de certa coletividade urbana: suas palavras, em sua chamada, foram ‘mobilização pública’ e a possibilidade de se estar “juntos em ação no mesmo dia, num mesmo instante, em diferentes espaços da mesma cidade!”.

Essa concomitância de ações espalhadas pela cidade dialoga, de certa maneira, com o formato das mobilizações rápidas - os chamados flash mobs – que são acionadas por email e têm sido realizadas para protestos ou encontros, a exemplo daqueles ocorridos em metrôs para festas relâmpago. Em ‘O Céu nos observa’ provoca-se uma mobilização entre desconhecidos, porém sem reuni-los num mesmo espaço, como ocorre na maioria das flash mobs, mas sim efetivando-se em espaços dissipados, sem vizinhança imediata: opera-se com espalhamento, simultaneidade e dispersão.

Na matriz proposta há a captação da singularidade de cada iniciativa, porém a sua ênfase recai na valorização do agrupamento, na dimensão coletiva como fundamento do projeto. O artista proponente optou por ausentar-se desta primeira fase, colocando-se no papel de quem apenas abre espaço para a sua realização. Como visto, o foco disparador do projeto apoia-se nesta imagem da cidade que, de imediato, vista por si mesma, não revela a qual metrópole pertence. Abstrata em alto grau, esta imagem é resultante de um acúmulo de trabalho técnico e trabalho abstrato de amplitude incontornável. Combinando nitidez e rastreamento, ela opera um tipo de profundidade que é chapante, sendo componente de um sistema de visibilidade que acessa toda a superfície do planeta, disponibilizando-a à verificação e ao escrutínio. De popularização recente, este modo de visualidade é instrumento e signo dos atuais processos de mundialização que têm marcado as últimas três décadas, cuja dinâmica dá-se na direção de abarcar todo o conjunto das atividades produtivas no curso da acumulação. Estes processos envolvem a estruturação do mercado global e a mundialização do capital e, como se sabe, são de natureza profundamente hierarquizada: buscam-se disseminar por todos os cantos, encolhendo distâncias espaciais, ao mesmo tempo em que implicam, necessariamente, o acirramento das desigualdades e das distâncias sociais: em seu âmago minimizam os ganhos sociais e econômicos da classe trabalhadora, atacando seus vetos e direitos. Nestes termos, à equalização espacial dos lugares, representada na superfície desta imagem corresponde uma concreta disparidade cada vez mais acentuada entre núcleos centrais e periféricos no sistema, tanto tomados em escala local quanto global.

Trata-se, em certo sentido, de uma representação ‘urbi et orbi’: para a cidade e para o mundo. Não se tem acesso facilitado à sua fatura, nem se pode observar, olhando para o céu, a partir de que ponto é feita. Ela despotencializa o corpo fenomenológico, concretizando-se como captura, varredura, ângulo, extensão, coordenadas e condições atmosféricas. A visibilidade panótica com a qual opera é também tecnologia de controle, tema foucaultiano que foi retomado por Daniel Lima ao escrever na sinopse de sua proposta: “nossas vidas circulam criptografadas nas redes de comunicação (...), nossas casas podem ser vistas de muito acima, numa visão quase onipresente. Nesta relação parece que nos resta a passiva resignação diante do incomensurável mundo novo. O que fazer diante de tão invisível e dominante poder? Como reagir à constante vigilância do mundo contemporâneo? Como interagir com a escala das estruturas globais?”

‘O Céu nos observa’ põe em relevo esta questão do controle social e dos imaginários da dominação. Neste aspecto, dialoga com uma já longa linhagem de trabalhos de arte nos quais inclui-se o filme de Andy Warhol chamado ‘Outer and Inner Space’ [imagem 5], feito em 1965, voltado para a tematização da vigilância e de quem observa quem: em suas sequências, uma atriz aparece em visada frontal e de perfil, simultaneamente, de modo que ora pareça falando livremente, ora para alguém fora da cena, que a observa e a controla numa tela de TV. Mais recentemente, equipamentos de vigilância instalados em áreas de circulação ou espaços públicos, assim como outros dispositivos, como biometria e geolocalização, têm sido resignificados por práticas associadas à chamada `Surveillance Art`, a exemplo do projeto ‘Faceless’ (2006), da artista austríaca Manu Luksch, que residindo em Londres fez um filme de ficção a partir de imagens em que sua pessoa fora captada pelas câmeras instaladas em diversos ângulos no centro daquela cidade e em alguns espaços internos, imagens às quais teve acesso permitido por lei por conterem registro de sua pessoa.

‘O Céu nos observa’ leva adiante esta tematização, polemizando como as aparências de acessibilidade, exposição, transparência e publicização – todas presentes naquela imagem tecnológica da cidade – são as mesmas com que se adjetivam os circuitos sempre mais finos da troca mercantil e de monitoramento coletivo. Em sua proposta, contudo, estabelece-se imediatamente uma dobradiça, pensando-se o exercício da arte como uma contraposição a este imaginário dominante: prefigura-se na imagem por satélite contratada pelo artista o registro de “pequenas ações-ruído (...), ele diz, como uma possibilidade simbólica de interferência no processo de mapeamento da cidade”. Diante do poder usurpador exercido pelos imaginários da dominação, põe-se em causa um confronto entre a visada de sobrevôo e o olhar desviante: como gerar em uma imagem urbana desta escala e envergadura um contra-discurso naquilo mesmo que ela registra, a contrapelo, utilizando seus próprios meios? Como inverter expectativas em sua leitura?

Nesta conjunção de visadas abrem-se planos de antagonismos e cruzamentos em que se transita entre o espaço abstrato e o espaço vivido, entre aquele representacional e o perceptivo, entre o tecnológico e o corporal. Oscila-se entre a idéia de espaço desenraizado, desvinculado e a noção de lugar afetado, particularizado: o sentido de ‘estar ali’ modula-se entre presença, ressonância e insignificância. No delineamento de ‘O Céu nos observa’ não é dominante a espacialidade do corpo próprio, como o fôra, por exemplo, nos anos setenta na obra ‘Shifts’, de Richard Serra (1970-2) em que os horizontes e limites dos planos espaciais e construídos da obra como um todo eram definidos pela presença do artista, e de seu amigo, caminhando pelo local. Também não se imanta pela noção de ‘especificidade do lugar’, a qual teve relevância nos anos oitenta e noventa no âmbito de ações artísticas em espaços públicos, como o conhecido trabalho intitulado ‘E vocês foram vitoriosos depois de tudo’, de Hans Haacke, 1988 [imagem 8], ligado a questões nazistas e que sofreu a ação de uma pequena bomba, pouco tempo depois de aberta ao público. Em ‘O Céu nos observa’ há ora alternância, ora embaralhamento entre categorias espaciais. As perspectivas da horizontalidade e proximidade são captadas pela mediação do vídeo; as intervenções, contudo, pressupõem sua tomada zenital, apostando-se na formulação de que possam acionar-se como signos disruptivos quando decodificados em relação à lógica material e visual da imagem via satélite da cidade.

O Grupo Corposinalizante utilizou-se dessa dupla tomada por contigüidade e longitude ao mesmo tempo, como forma de desdobrar a potência da imagem de uma mão espalmada, que utiliza como emblema de sua presença e de suas reivindicações. Formado em 2008 por jovens artistas e educadores “surdos e ouvintes”, como se auto-denominam, e reunidos como desdobramento de um curso de formação em arte para educadores surdos, realizado no MAM-SP, suas ações e performances dirigem-se à implementação de políticas públicas voltadas a este grupo social, incluindo-se, entre suas demandas, a inserção de legendas em filmes nacionais, e a expansão de seus espaços de formação, trabalho e de acesso à cultura. Sua intervenção específica consistiu em inserir uma ampliação deste emblema no meio da passarela de ligação entre o antigo DETRAN, edifício que passará a abrigar o Museu de Arte Contemporânea da USP e o Parque Ibirapuera. A colocação desta imagem da mão neste ponto central, e orientada para cima e não para frente como usualmente feito, buscou amplificar as reverberações do Grupo, no sentido de grafar-se no mapeamento mesmo da metrópole e fazer parte de sua visibilidade, numa situação oposta àquela que tem sido vivenciada por estas pessoas.

I. Sobre a Comunicabilidade

Em relação à questão da comunicabilidade, na formalização estética envolvida em ‘O Céu nos Observa’ - em que se associam, como visto, ações diretas nos espaços urbanos, vídeos, imagem via satélite, blog e conexões em rede - trabalha-se a idéia da comunicação não como veiculação linear de mensagens, mas como elaboração compartilhada de sentidos. Os autores das ações, no momento inicial da obra, passam a ser também espectadores em uma segunda fase de sua realização: seus vídeos, no site, colocam-se lado a lado com todos os outros ali registrados, sendo apreendidos numa relação diacrítica que estabelecem entre si. Este conjunto, por sua vez, será entremeado pelo documentário final do artista proponente, antes espectador de cada registro em vídeo, separadamente. Tal entrelaçamento entre autores, artistas e espectadores, e a reciprocidade de papéis que aí se estabelece quebrando barreiras entre um e outro, adentra o plano de superação do chamado ‘paradoxo do espectador’, conforme elaborado por Jacques Rancière em sua obra O Espectador Emancipado (2008). O significado de espectador em seu legado histórico, nos diz o filósofo, remete, contraditoriamente, ao olhar como o oposto do saber e do conhecer: ser espectador é então ser passivo e ignorar. Embora não haja espetáculo sem espectador (mesmo que seja escondido), este seria separado da capacidade de conhecer e poder de agir (2008:8), exercendo um olhar subjugado. Esta premissa foi retomada por Guy Debord, em sua fórmula: “mais o homem contempla, menos ele é” (Apud 2008: 12), criticando a separação e o olhar de exterioridade que marcaria o espectador diante do espetáculo: a contemplação denunciada por Debord refere-se à “contemplação da aparência separada de sua verdade” (2008:13). Nestes termos, identificar olhar e passividade implica pressupor que olhar quer dizer contemplar algo ignorando a verdade que há por trás deste, de modo que a contemplação concorre, nestes termos, para a alienação. Na acepção de Rancière, contrariamente, o que declara o espectador como passivo é a defesa de uma posição radical previamente posta de separação de posições, reafirmando uma distribuição no sensível que pressupõe a oposição entre o ver e o fazer, uma divisão que se rebate no “cegamento dos trabalhadores manuais afundados no imediato e os que contemplam as idéias e prevêem o futuro ou tem visão global do mundo.” (18) Rancière defende uma recusa dessa distância radical, dessa distribuição de papéis e das fronteiras entre esses territórios do ver, fazer e falar (2008:23-4). É preciso, ele afirma, reconhecer a atividade própria do espectador, que é a de tradução e contra-tradução daquilo com o qual se depara: “é neste poder de associar e dissociar que reside a emancipação do espectador, quer dizer, a emancipação de cada um de nós como espectador” (2008:23). Nisto verifica-se uma capacidade que faz cada um igual ao outro e que se exerce “pelo jogo imprevisível de associações e dissociações” (idem).
Nesta comunicação entre artista e espectador ou entre obra e espectador não há pressuposição de identidade entre causa e efeito, nem pressuposição do que será compreendido (2008:20). Nenhum dos integrantes possui ‘o’ sentido. Em ‘O Céu nos Observa’ esta elaboração conjunta está no coração mesmo de sua natureza, perfazendo-se como uma aventura tramada entre cidade e arte que não pode ser antecipada em sua comunicabilidade. Seus integrantes, inicialmente anônimos, são intérpretes ativos que constroem suas próprias traduções da proposta lançada como um disparador inicial de ações, as quais por sua vez serão alvo de interpretação ativa do proponente e dos que participarem de sua recepção.

Como visto, o tipo de comunicação estética em pauta neste trabalho não pretende revolucionar, mas sim redistribuir papéis, lugares, posições, acessos, possibilidades, espacialidades. O que está sendo posto em causa por sua aventura estética, originalmente aberta a qualquer um e desconsiderando certas divisões usuais, avizinha-se ao que Rancière denomina como ‘reconfiguração do comum’, na direção de um comum ampliado, ou seja, uma reconfiguração de partilhas que marcam o campo social e os espaços e capacidades de quem aí tem voz e vez. Percebe-se em ação um imaginário de vivência urbana que valoriza o coletivo, o qualquer um e a ação conjunta propositada, promovendo a resignificação de espaços da cidade e no modo de vê-la, com lógicas de uso e permanência que alteram alguns de seus valores e invertem expectativas quanto ‘a sua compreensão.

Resumo
Algumas ações artísticas recentes efetuadas em espaços urbanos paulistanos têm recolocado questões sobre espacialidades múltiplas que, sob certos ângulos de aproximação convergem para uma confirmação recíproca e, em outros, invertem expectativas, criando rugosidades e atritos. Centram sua engenhosidade em possibilidades de disjunções em meio à multiplicidade e ao esperado, de modo que suas inscrições criem focos reflexivos.

Em projeto associado ao artista Daniel Lima interceptam-se de modo singular especificidades do espaço fenomenológico e do espaço abstrato, provocando ambigüidades nos nexos entre autoria / anonimato, registro / documento, aparência / evidência, controle / desvio, percepção / varredura, expectação / indiferença. Do ponto de vista da relação entre o estético e o político, se aproximadas do pensamento de Jacques Rancière, estas ficções estéticas revelam incorporar a polêmica sobre a reconfiguração do comum e suas indeterminações, o que neste é abstraído ou fica de fora, o que aí é tolerável e possível, comprometendo-se com a construção de novas capacidades e a ampliação dos seus espaços de atuação.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
I Simpósio de Estética
Temas em torno da arte contemporânea
Mesa: ARTE, TÉCNICA, CIDADE

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Video: Corposinalizante - O Céu Nos Observa

Oi

Finalmente está no ar o video da nova intervenção O Céu Nos Observa:




Concepção e Performance: Corposinalizante
Camera: Thiago Lucena
Edição: Daniel Lima
Arte do cartaz: Sato>casadalapa

Mais informações sobre o projeto O Céu Nos Observa:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u738549.shtml

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Arte para ser vista do céu e da terra!

A mão do Corposinalizante, produzida para a ação "O Céu nos Observa", do artista Daniel Lima, segue carimbando a cidade...

Nesta última quinta-feira (20/maio) ela passeou pelo Parque do Ibirapuera com os jovens alunos do curso Aprender para Ensinar e com o grupo Corposinalizante.




A bela performance só acabou quando os guardas-ciclistas do Parque nos pararam, pedindo uma autorização. "Não, não temos autorização... estamos fazendo uma performance artística!"



Um dos guardas nos perguntou:

- É pacífico?
- O que você acha? Observe este grupo de jovens caminhando com esta mão sinalizante... Existe algo que não pareça pacífico?
- Realmente, é pacífico!

Seguimos com o cartaz aberto e conversamos sobre o que aconteceu... para os jovens ficou muito claro o quanto a arte é capaz de provocar e, por isso mesmo, precisa seguir a missão de quebrar preconceitos e divulgar suas mensagens.




Imagens (fotos e vídeo): Lorran Velosa e Cibele Lucena
Arte gráfica do cartaz: Sato>casadalapa

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O Céu nos Observa

Há mais ou menos 15 dias atrás, ficamos sabendo de um projeto chamado "O Céu nos Observa", criado pelo artista Daniel Lima:

"Amigos, estou fazendo um novo projeto de intervenção e gostaria de convidá-los à participar! No sábado, dia 15 de maio, às 10:30 horas (com margem de erro de 10 min), um satélite de altíssima resolução espacial vai fazer uma imagem de uma parte da cidade de São Paulo. Neste dia e horário, qualquer objeto ou corpo sob o céu - de preferência numa área iluminada pela luz do sol - com mais de 50cm (de largura) aparecerá na imagem de satélite. O rastreamento que solicitei desta área demora apenas 3 segundos. É quase instantâneo. Faço um chamado para que todos participem e proponham interferências para esta imagem de satélite. Vamos instaurar a possibilidade de estarmos juntos em ação no mesmo dia, num mesmo instante, em diferentes espaços da mesma cidade!"

O Corposinalizante topou participar da proposta! A primeira coisa que pensamos foi: "vamos fazer algo no CINESESC!" Queriamos aproveitar a visibilidade do satélite para mostrar ao mundo a importância do cinema ter legendado todos os filmes de seu último festival.

[Leia mais sobre as ações do Corposinalizante pedindo legendas em filmes nacionais: http://corpo-sinalizante.blogspot.com/search/label/Filmes%20nacionais%20legendados]

Pensamos em criar uma imagem que parecesse um gigante carimbo, para ser instalada na lage de cobertura do cinema, uma espécie de "selo de qualidade Corposinalizante" para dizer: este espaço comprou nossa briga e passamos por aqui para valorizar sua ação! Que todas as salas de cinema acessibilizem os filmes e festivais!

Bolamos a imagem, que foi desenhada pelo artista gráfico Sato [casadalapa] nosso grande parceiro!

imagem: Sato>casadalapa


Mas infelizmente nosso tempo foi curto e não conseguimos autorização do Cinema para abrir a imagem lá!

Diante disso, decidimos carimbar a passarela Ciccilio Matarazzo, que liga o antigo DETRAN, futuro MAC, ao Parque do Ibirapuera. Porque este lugar? Isadora, Felipe e Luana explicaram no sábado, durante a ação:

"Por que o prédio do DETRAN será usado como instalação do MAC. E dentro do Parque existem vários outros museus: Museu Afro Brasil, MAM, Bienal, Oca... e o Corposinalizante pretende mostrar ao mundo a importância do acesso a cultura pelos surdos."

"Queremos acesso a cultura! Aos museus, aos teatros, aos cinemas! Queremos legendas nos filmes nacionais, educadores surdos trabalhando em espaços culturais, intérpretes nos cursos de formação em arte!"

Corposinalizante abrindo o "carimbo" na passarela Ciccilio Matarazzo.
A mão do grupo sendo vista do céu...


A ação de hoje seguiu muito bem, como previamos... (eu não esperava que os cartazes fossem ser impressos em 12 tiras de papéis!) Ficou difícil de montar o quebra cabeças e ainda pior com o vento forte... (esquecemos as pedras para segurar)... isso foi o ponto difícil da atividade! :)

Na passarela, o cartaz ocupou quase toda a área (por essa eu não esperava!) e as pessoas ficaram em dúvida se poderiam passar por cima do papel ou não. O cartaz não ficou apontado para o norte, e sim para leste, na frente do futuro MAC. Ficamos no local desde cerca 10:10 até 11:00 (o Daniel Lima tinha dito que poderiamos ficar das 10:20 até 10:40, para garantir).

Tivemos a participação de Thiago Lucena, na câmera, registrando tudo. Nos últimos 20 minutos, Thiago filmou Isadora, Luana e eu (Felipe) narrando sobre o motivo da localidade, objetivo da atividade, importância etc.

E mais, tivemos a presença da Profa. Vera Pallamin, da FAU-USP, que veio nos visitar e conhecer, recomendada pelo Daniel, e ainda nos ajudou!

Usamos as luvas de borracha que a Regina comprou, sentamos e deitamos no cartaz... no fim da atividade, dobramos o gigante desenho e o guardamos no MAM, pois o mesmo vai ser usado na quinta-feira, na aula do Aprender para Ensinar, já que estamos trabalhando com "performance" e "intervenção".

Agora vamos aguardar notícias da imagem de satélite e do vídeo de 8 minutos, que será feito com todas as ações realizadas no sábado! Nosso vídeo precisará de legendas em português, pra que todos entendam nossos depoimentos.

Para acompanhar as ações do "O Céu nos Observa", entre aqui:
http://oceunosobserva.blogspot.com/

Logo nosso vídeo estará no ar!

Agradecemos ao Sato e Thiago Lucena pela parceria!

Corposinalizante

Texto: Cibele Lucena e Felipe Lima
Fotos: Cibele Lucena

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Atrás do Mundo 2: A Resposta do CINESESC

Oi leitores e leitoras!

Muita coisa para falar, nem sei por onde começar... :)

Primeiramente, hoje o Corposinalizante começou sua reunião discutindo sobre o projeto do nosso novo filme (nome provisório: Mundo Contrário). No meio da reunião, descobrimos que hoje era o último dia do Festival dos Melhores Filmes no CineSesc (com toda a programação nacional legendada). Decidimos ir até o CineSesc para registrar o Festival e entrevistar algumas pessoas. Eu topei mesmo sendo de última hora, não tive como recusar.

Depois da reunião do Corposinalizante, antes de irmos ao Cinema, participamos do curso Aprender para Ensinar. Os alunos estavam muito interessados mas, como sempre, fica difícil trabalhar alguns assuntos da arte como "retrato" e "auto-retrato", por que estamos usando o mesmo sinal para "arte" e "pintura". O Leo disse: eu fiquei pensando nisso hoje, quando eu fui para Recife-PE, percebi que lá eles usam um sinal diferente para "arte", depois eu mostro para vocês como é esse sinal. Fui pesquisar no Dicionário de Libras e percebi que estamos usando um sinal errado para "arte".

Corposinalizante se preparando para ir ao CineSesc

Voltando ao assunto do cinema... no caminho do CineSesc me diverti muito andando no novo fusca da Cibele (Floquinho de Neve). (Neste momento a Cibele ligou para a Joana, mandei beijos para ela e ela mandou de volta! Estamos com saudade!) Chegamos no CineSesc com uns 30 minutos de antecedência, aproveitamos para preparar as entrevistas e outras coisas.

Lorran e Isadora no Floquinho de Neve

O que o Lorran estava tentando fazer?? ;)

Fomos comer...
Falando em comer, paramos em uma lanchonete "vegan" que não serve nada de carnes - não tem prato legal para mim lá! ;) - tomei a decisão de seguir as escolhas da Cibele e Daina e veio para mim um hamburguer de "soja" ou sei lá o que! Luana e Isadora demoraram muito para escolher o que comer... como é difícil escolher um prato sem carne! (hahaha... brincadeira, a Luana é vegetariana!). Só uma coca-cola me salvou! :)

Isadora tentando escolher o que comer...

Ah, para os integrantes que participaram das filmagens do "Atrás do Mundo", Leo, Lorran, Joana... lembram que colamos o cartaz "Queremos Legendas" em frente ao CineSesc, nas paredes do Citibank? Então, atualmente a placa do banco sumiu! A casa tá feia, pintada de amarelo, acho que hoje o banco virou uma loja de tatoo... :)

"Queremos legendas nos filmes nacionais", ação do Corposinalizante
em frente ao CineSesc em 2009



Entrando no cinema, começamos a entrevistar algumas pessoas, no estilo "Atrás do Mundo". A Luana começou sozinha, foi corajosa, entrevistou duas mulheres. Luana ficou um pouco nervosa, fez perguntas um pouco repetitivas e ela mesma respondeu as perguntas... mas tudo seguiu bem.

Depois entrevistamos um homem que trabalha no cinema, ele nos deu um depoimento sobre a importância das legendas nos filmes etc.

Entramos na sala para prestigiar as legendas! Nossa, o começo foi muito tedioso. Com Selton Mello e Alessandra Negrini, o filme chamava "Erva do Rato". Bem legendado, mas com tantas cenas silenciosas, que chegava a ser engraçado... comentávamos durante o filme o quanto era chato... mas no final, inesperadamente, as últimas cenas salvaram o filme!

Eu (Felipe), Isadora e Luana assistindo Erva do Rato

Filme legendado

Fora da sala de cinema entrevistamos Maurício, que trabalha na empresa contratada pelo CineSesc para legendar os filmes do Festival. Ele nos explicou que também fez o trabalho de audio-descrição para os cegos (a Daina usou para experimentar).

Creio que esta foi a parte mais importante da parada: Maurício nos deu seu cartão, para mantermos contato e nos disse que nossa ação de 2009 foi citada em reunião do CineSesc com a empresa responsável pelas legendas. Com certeza, na opinião dele, nossa ação "Queremos Legendas nos Filmes Nacionais" foi uma das responsáveis pela legendagem de 100% da programação do Festival.

A Juliana filmou tudo, aposto que vai sair ótimo!

Tirando o hamburguer de soja e o início do filme, o dia foi PERFEITO!!!

Eu (Felipe), Luana e Isadora no CineSesc

Texto: Felipe Lima
Fotos: Felipe Lima, Daina Leyton e Juliana Di Grazia

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e La Langue de Signes Française (LSF): Duas línguas e uma mesma questão


Mil Mãos para um Mundo


No mês passado, recebemos duas pessoas muito especiais em nossa reunião do Corposinalizante.

Pauline e Jessica, jovens surdas, moram na França e participam da equipe do projeto Mille Mains Dans un Monde (Mil Mãos para um Mundo/ tradução livre). Elas vieram para São Paulo por que estão visitando surdos da América do Sul.

Mil Mãos para um Mundo é um grupo de repórteres amadores surdos que vai ao encontro de pessoas surdas no mundo. Explorando diferentes estilos, culturas e estudando o lugar das línguas de sinais nos países visitados.

A gente conversou quase normalmente, como os surdos fazem. Mas, como isso foi possível?

Antigamente não existiam escolas para surdos no Brasil, obviamente, e nós ainda não usávamos nossos sinais próprios. A primeira escola de surdos no Brasil foi criada em setembro de 1857 (INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos) por Dom Pedro II, no Rio de Janeiro e teve como primeiro professor Ernesto Huet, um surdo francês que trouxe a Língua de Sinais Francesa.

O Professor usou os mesmos sinais da França (La Langue de Signes Française "LSF") para o ensino no Brasil, principalmente os sinais das letras e números. É claro que agora, após muitos anos, os brasileiros já têm a sua própria língua de sinais (Língua Brasileira de Sinais "LIBRAS"), mas alguns sinais ainda são parecidos, o que dá uma ligação especial entre os surdos brasileiros e franceses.

Para conhecer a postagem de Pauline e Jessica sobre nosso encontro e conhecer mais do projeto Mille Mains Dans un Monde, entre aqui:



Texto: Felipe Lima

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Corposinalizante em Mostra de Vídeos de Londrina

O projeto Roda Memória, de Londrina, realizou em fevereiro deste ano um evento chamado "Comunicação e Memória". Neste evento, voltado para a reflexão sobre a importância da comunicação na circulação e preservação da memória, aconteceram palestras, exposição fotográfica, mostra de vídeos e vivência em danças brasileiras.

A mostra de vídeos apresentou, além dos vídeos do projeto, produções audiovisuais de parceiros locais e nacionais - entre eles, o filme "Corposinalizante", realizado pelo grupo Corposinalizante em 2009.

O projeto Roda Memória, assim como o encontro “Comunicação e Memória”, contaram com o patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Londrina.

foto tirada do site:
http://jornaluniao.com.br/noticias.php?editoria=&noticia=NTQzNw==

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Trailer da Série HiperReal

Como já mostramos em postagens anteriores, a série HiperReal do SescTv, de filmes com direção do Kiko Goifman, mostrará em um dos documentários os problemas da nossa vida...

aí estão dois trailers:



sexta-feira, 16 de abril de 2010

Corposinalizante no jornal "PUC em Notícias"

O "PUC em Notícias", jornal quinzenal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, fez uma matéria especial sobre o grupo Corposinalizante:

Leia aqui um trecho:

[1ª quinzena de abril de 2010, Ano 2, número 17]

Corposinalizante
Arte e Tecnologia facilitam inclusão de surdos
Bete Andrade

Era para ser apenas um blog, mas já ganhou as ruas. Assim é o Corposinalizante, projeto que vem chamando atenção de pessoas ligadas às artes plásticas, à mídia e ao cinema.

(...) Lima, que participa do grupo desde sua criação, conta que a idéia inicial era postar no blog artigos referentes às atividades desenvolvidas durante as aulas do projeto Aprender para Ensinar, do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM. "No entanto, começaram a surgir convites para participar de programas de televisão, de dois curtas-metragens em forma de documentário... e a iniciativa foi se ampliando".

Atualmente, o grupo participa, a convite do diretor de cinema Kiko Goifman, da produtora Juliana Di Grazia e do Sesc Tv, de um documentário para a televisão sobre os trabalhos do Corposinalizante e a vida cotidiana de jovens surdos. Os integrantes também estão em permanente campanha pela inserção de legendas nos filmes brasileiros e nos programas de televisão nacionais.

Os jovens ainda desenvolvem e executam intervenções urbanas, com a finalidade de reivindicar inclusão social e mostrar que não apenas se interessam por arte, mas são também capazes de produzi-la.

De todas as atividades das quais participa junto ao Corposinalizante, o jovem Castilho destaca a que considerou como uma das mais emocionante para o grupo: um trabalho de formação de professores durante o projeto Círculo de Histórias, realizado em parceria com a organização Ashoka, pioneira no trabalho com empreendedores sociais.

"Nesse evento tivemos a oportunidade de trocar experiências da vida com professores formados em grandes universidades", relembra.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Festival de filmes com legendas no CINESESC! Vai uma pipoquinha aí?

"Queremos Legendas Nos Filmes Nacionais". Ação do Corposinalizante em frente ao CineSesc em 2009.


Nada é por acaso... as conquistas vem com muita luta!

O Festival SESC dos Melhores Filmes 2010 traz esse ano TODA A PROGRAMAÇÃO COM ACESSIBILIDADE - Audiodescrição e Legendas nos 36 filmes selecionados por votação, que serão apresentados em 88 exibições no CINESESC da Rua Augusta, 2075.

Uma seleção dos melhores filmes, diretores, atores, atrizes, roteiristas e fotógrafos eleitos pelo público, e por críticos, jornalistas especializados, pesquisadores e professores brasileiros.

Entre os filmes: Avatar, Bastardos Inglórios, Simonal - Ninguém sabe o duro que dei, Valsa com Bashir, Se nada mais der certo, Divã e muitos outros.

TODOS COM AUDIODESCRIÇÃO E LEGENDAS EM 4 SESSÕES DIÁRIAS:
14 horas / 17 horas / 19 horas / 21h30

SERVIÇO:

VALORES DOS INGRESSOS:
R$ 4,00
R$ 2,00 (estudantes e idosos)
R$ 1,00 (comerciário)
Pacote de 15 filmes: R$ 40,00
Pacote de 15 filmes (idosos e estudantes): R$ 20,00
Pacote de 15 filmes (comerciários): R$ 10,00

Para grupos interessados o CINESESC pode disponibilizar sessões com pacotes especiais.

Mais informações:
11. 3087-0500
email@cinesesc.sescsp.org.br
http://www.sescsp.org.br/sesc/hotsites/melhores_filmes/index.cfm?edicao=2010

Ajudem a divulgar!
Vai uma pipoquinha aí?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

1ª Feira de Turismo Muito Especial

O MAM, na área de Acessibilidade, foi convidado para participar da Primeira Feira de Turismo Muito Especial de Pernambuco. E eu (Leonardo Castilho) fui para Recife-PE para representar os trabalhos de acessibilidade do Programa Igual Diferente, num stand no Shopping Paço Alfândega, em Recife.



Eu levei duas fotos do atendimento em LIBRAS na exposição "MAM60" na OCA: uma foto minha e a outra do educador Edinho. Também levei algumas fotos feitas pelos cegos que participaram do curso de fotografias no MAM.

Produções artísticas do grupo Corposinalizante como: "Queremos legenda nos filmes nacionais", os cartões postais "Nosso Corpo Nossa Língua" e os vídeos "Atrás do Mundo" e "Corposinalizante", também foram contemplados, além das entrevistas realizadas com o grupo pela imprensa.

Os folders do MAM também foram expostos no meu Stand. Recebi muita gente neste Stand. Pessoas ficaram sentadas nas poltronas conversando comigo e tiraram muitas dúvidas. O que mais chamou a atenção destas pessoas foram as fotos produzidas pelos cegos. Elas ficaram bobas, perguntaram um monte de coisas que eu chegava até a me perder no assunto! (risos)


As pessoas que conheci em Recife me mostraram muitos projetos em planejamento, principalmente com os surdos e cegos nos museus desta cidade e também nos museus de Salvador, se eu não estou enganado.

Disponibilizei meu e-mail para algumas destas pessoas e algumas delas já entraram em contato comigo pedindo explicações sobre acessibilidade dos surdos e sobre os cursos do "Igual Diferente", dai eu respondi de forma "detalhada" e elas adoraram minhas respostas!

Foi a minha primeira experiência viajando fora de São Paulo representando o "Igual Diferente". Chegando lá em Recife eu tive toda ansiedade de falar como é este programa, mas ao mesmo tempo, me senti tão feliz e orgulhoso, sabe como é?

Adorei ter participado dessa viagem, mas teve uma hora que fiquei um pouco perdido, pois fui sozinho e essa experiência de compartilhar a vida e o trabalho foi "MEGA".


Texto e fotos: Leonardo Castilho