sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sinalizando Mônica Nador

Impressões da intérprete sobre a visita ao ateliê de Mônica

Mônica Nador, uma artista que não quis ser “bundona”

No dia 18 de outubro de 2008 nós do curso “Aprender para ensinar” fomos visitar a artista Mônica Nador em seu ateliê, o JAMAC – Jardim Miriam Arte Clube.

Fomos muito bem recebidos pela Mônica e por seus simpáticos companheiros caninos.

No JAMAC, Mônica desenvolve seu trabalho como artista e oferece cursos direcionados a jovens da periferia.

Numa roda de conversa em que Mônica foi entrevistada pelos jovens surdos, interessados em compreender sua trajetória como artista e seu envolvimento com a periferia, eu fui a intérprete de LIBRAS.

Ela nos contou que se sentia incomodada ao ver suas telas compradas e colocadas em salas onde o único objetivo era ornar com o sofá, e que, por isso, quase se tornou massagista.

Mas, a massagem que Mônica estava nos preparando era bem diferente, era um chacoalhão.

Ela começou mestrado na ECA – USP [Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo] e passou a refletir sobre formas de expandir seu trabalho: primeiro fisicamente, pois suas pinturas tornam-se muito grandes, saem da tela e tomam as paredes do museu; em seguida, humanamente, quando ela abre sua obra para a participação de toda comunidade em que está inserida, o Jardim Miriam.

Junto com os moradores do bairro ela cria desenhos que viram estênceis, que por sua vez viram estampas pintadas nas fachadas das casas.

Todo esse processo faz cada pessoa envolvida refletir sobre suas referências estéticas e pensar que o lugar que ocupamos é um reflexo do que pensamos de nós e do mundo.

Hoje Mônica está envolvida em projetos da CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano] e provoca outras comunidades a refletirem sobre o espaço onde moram e como podem criar um vínculo de identidade com ele.

Como diz no título, estas são as impressões da intérprete. Foi muito interessante interpretar Mônica, assim como todos os artistas que o grupo já teve oportunidade de entrevistar. A tradução é o momento de expressar em Libras riquezas do discurso do artista, impossíveis de serem encontradas em qualquer livro ou revista.

De outro modo, jamais saberíamos que Mônica Nador outrora teria se sentido uma “bundona”.


Amarilis Ferreira

Fotos: Cibele Lucena

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