por Elie Bajard |
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A lingüística clássica |
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A lingüística constitui-se no início do século XX como uma ciência capaz de descrever a totalidade das línguas, inclusive aquelas desprovidas de representação escrita. |
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Para tanto, a lingüística construiu uma metodologia interna (endógena) à língua oral, independentemente dos vínculos que ela tece com a manifestação escrita, nem sempre existente. |
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As unidades da língua oral foram definidas em relação ao significado. Em um primeiro nível – primeira articulação – a unidade veicula um significado (por exemplo, a palavra sonora pá). Em um outro – segunda articulação – outra unidade, denominada fonema, mesmo sem possuir um significado, tem a capacidade de produzir, por substituição, uma mudança de sentido (o primeiro som das palavras pá, lá, cá). |
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A lingüística se prevaleceu desses resultados para descrever a escrita. O grafema foi, então, definido por sua referência ao fonema. |
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Assim sendo, a lingüística deixa de recorrer à metodologia por ela forjada. Não submete a escrita a uma análise fundada na função simbólica, ou seja, a uma análise endógena, mas define a unidade elementar da escrita a partir da oralidade. |
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Como o grafema encontra sua razão de ser da sua correspondência com o fonema, a descrição da língua escrita fica portanto na dependência da descrição da oralidade. |
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Ora, desde que o modo de comunicação por sinais utilizado pelos surdos foi reconhecido como língua, a dependência da análise da língua escrita nacional – que os surdos dominam – à língua oral – que os surdos ignoram – se torna restritiva. |
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Língua escrita contemporânea |
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A escrita é um instrumento que não se restringe às línguas alfabéticas; ela pertence a seus vários usuários disseminados no planeta, qualquer que seja a relação que instaure com a oralidade: escrita ideográfica (chinesa), escrita consonântica (árabe e hebraica) ou escrita arcaica sem oral conhecido (linear A, ainda não decriptada). |
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A escrita é uma manifestação da língua. Tanto quanto a fala, ela contempla um amplo leque de funções : instrumento de pensamento filosófico ou científico, ferramenta da memória, matéria literária e poética ou meio de comunicação. |
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As duas ordens, escrita e fala, participam de maneira própria da cultura; o domínio da escrita diferencia profundamente as culturas letradas das culturas apenas orais. |
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A invenção do alfabeto pelos gregos introduziu na escrita uma nova relação com a oralidade. O alfabeto acrescentou relações - fonográficas - aos vínculos já existentes entre as palavras sonoras e as palavras gráficas. Graças a essa invenção, a escrita herdou da língua oral um sistema constituído de um número reduzido de letras. |
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Na maior parte dos idiomas, o texto escrito pode ser transmitido de duas formas, uma visual (texto gráfico), outra vocal (texto sonoro). No entanto, não é esse o caso da língua dos sinais usada pelos surdos, que possui uma forma única. |
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A dupla transmissão do texto opera em condições específicas de ausência ou de presença do outro. Se o texto sonoro se profere em situação social, mediante a voz de outro que impõe sua temporalidade, o texto gráfico apreende-se visualmente, diretamente no silêncio, a partir da sua exposição na superfície da página ou da tela. |
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Mesmo se as línguas alfabéticas estabelecem correspondências entre os sons e as letras, a equivalência entre o gráfico e o vocal existe apenas no nível do enunciado inteiro, quer este último seja longo - vários capítulos ou parágrafos -, ou curto - uma frase ou uma palavra (pare!). Letra e fonema, por sua vez, nunca constituem um enunciado. |
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Na Idade Média, as línguas latinas acrescentaram à escrita contínua (sem espacejamento), marcas sem vínculos com os sons: principalmente o espaço branco, mas também a letra minúscula, a pontuação etc. O espaço branco sozinho reduziu profundamente o isomorfismo entre a matéria sonora e a matéria escrita. Uma língua escrita que integra o espaço branco não é mais fonográfica. |
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Levar em conta apenas as unidades em correspondência nos dois sistemas acarreta uma dupla redução:
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Iniciar a análise da escrita por suas relações com a língua oral equivale a despojá-la de uma parte da sua função semântica e de seu estatuto de linguagem. |
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O reconhecimento social recente da cultura específica dos surdos coloca em cheque alguns princípios da lingüística clássica;
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Nem todos os sistemas gráficos mantêm relações com uma língua oral; quando o fazem, possuem um determinado grau de autonomia em relação com ela. |
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Fazer a descrição científica da língua escrita depender das relações fonográficas é um procedimento que deixa de levar em conta tanto as características das línguas não alfabéticas, quanto o uso da língua escrita nacional pelos surdos. Essa atitude leva à imposição de uma visão particular, "ocidentalocêntrica", fonocêntrica e à rejeição da prática da escrita da comunidade surda. |
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Descrição endógena |
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Essas diversas características justificam uma descrição lingüística não atrelada à manifestação oral. |
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Todos os sistemas gráficos, apesar de sua diversidade, possuem características comuns que uma lingüística geral da escrita tem necessidade de descrever. Uma lingüística baseada apenas nos resultados obtidos pela análise da fala não contempla essa finalidade, já que não tem condições de descrever uma língua desprovida de manifestação oral. |
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Numa visão sincrônica, definir a unidade da escrita (grafema) a partir da unidade da língua oral (fonema), é apenas um postulado possível. Pode-se também dizer o inverso. Numa língua morta (latim), as unidades orais desaparecidas devem ser definidas a partir do sistema gráfico existente. É necessário acrescentar que, no mundo da surdez, nem um postulado, nem o outro é operante. |
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Graças a uma descrição endógena, a lingüística liberou historicamente a língua oral da dependência da escrita. Realizando agora um exame endógeno da escrita, é possível liberar o sistema gráfico da dependência da análise da oralidade. |
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A aplicação à língua escrita de uma análise endógena multiplica a validade do método inventado para descrever a fala, já que ele se torna operatório também para a escrita; assim fazendo, é questionada a descrição da língua escrita realizada anteriormente pela lingüística clássica. |
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A comparação entre as ordens - sonora e gráfica - da língua é legitima e necessária, mas a aproximação entre elas se torna mais coerente se for realizada após uma análise endógena distinta nas duas ordens, isto é, sem colocar uma na dependência da outra. |
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À uma linguagem apreendida pelos olhos é legítimo e coerente atribuir unidades visuais elementares que têm vínculos com o significado, isto é, considerar que a escrita possui uma segunda articulação. |
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Podemos chamar grafe - já que o grafema foi definido de outra maneira – a menor unidade visual capaz de acarretar uma mudança de significado. Assim as palavras mãe e mão formam um par mínimo no qual a substituição de /e/ por /o/ provoca a mudança de significado. |
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Da mesma maneira, a mudança de um caráter provoca a mudança:
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Quando o grafe é considerado capaz de acarretar uma mudança de significado, o sentido acaba sendo re-introduzido na unidade da escrita. |
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Todos os grafes têm um valor ligado ao significado, isto é, ideográfico. Todos os grafes são componentes de signos, enquanto unidades do significante visual. O conjunto dos grafes - como aparece no teclado do computador - constitui a matéria do sistema gráfico. |
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Por possuir uma dupla articulação e uma matéria própria – gráfica - a escrita não pode ser reduzida à mera transposição da oralidade, obtida por relações fonográficas. A ordem gráfica possui um estatuto de língua plena. |
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Combinado ao signo da língua oral, o signo da língua escrita compõe um signo, único, complexo, possuindo dois significantes, um sonoro, outro gráfico. Memorizados, esses dois significantes possuem a capacidade de ativar individualmente a totalidade do signo. |
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Se a palavra gráfica se dá a ver de maneira distinta graças ao espaço branco, a palavra sonora, embutida na prosódia, não se dá a escutar separadamente. A gramática se expressa de maneira diferente nas duas ordens. |
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Em função das línguas - alfabéticas, silábicas, ideográficas - cada significante gráfico possui uma taxa determinada de isomorfismo com o significante sonoro. Nas línguas alfabéticas, o francês é menos isomorfo do que o português e mais do que o inglês. |
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Alguns estudiosos afirmam que a palavra homem é reconhecida de maneira visual graças à letra h muda, mas esse não seria o caso da palavra comem, cuja letra /c/ se vincula a um som. No entanto, o fato de que o /c/ de comem corresponde a um som não elimina seu valor visual, nem a possibilidade de que a palavra seja reconhecida diretamente pelos olhos, como ocorre com homem. |
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A evidência do valor sonoro de uma letra pode levar a provocar o esquecimento do seu valor visual. No entanto os vínculos que os grafes de uma língua alfabética tecem com os fonemas não neutralizam a função visual da matéria gráfica, mas se acrescentam a ela. |
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Se todos os grafes se endereçam ao olho, apenas uma parte deles remete aos sons. O código fonográfico é um sub-conjunto do código ortográfico. |
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Mundo da surdez |
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A língua usada pela comunidade surda é a língua de sinais, língua natural que não possui manifestação sonora nem gráfica. |
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Como os surdos têm acesso visual à língua escrita nacional, esta escrita se torna língua de intercomunicação entre surdos e ouvintes. |
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Os surdos possuem um código manual para "datilologiar" as palavras da língua nacional; cada grafe é associado a uma configuração da mão. A língua de sinais se vale assim de inúmeros termos formados por grafes transpostos pela mão, que estabelecem costuras entre ela e a língua nacional, mesmo que uma parte da comunidade surda rejeite esse uso, por se assemelhar a um empréstimo lingüístico. |
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Uma língua que se endereça aos olhos não pode ser a propriedade exclusiva das comunidades que dominam a oralidade, mas pertence ao conjunto de seus usuários. A língua escrita nacional pertence também aos surdos. |
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Como a escrita nacional contemporânea possibilita a leitura visual dos surdos, a abordagem exclusivamente fonográfica dos ouvintes deixa de ser o modelo único. |
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A abordagem visual da escrita pelos surdos, ao contrário de ser parcial, imperfeita, precária, é integral e oferece um modelo alternativo para os ouvintes. |
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Une análise fonológica da escrita - é o que ocorre quando se define a leitura como uma dupla extração, da pronúncia e do significado – impõe uma redução dos modelos de leitura. |
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No que diz respeito ao mundo dos surdos, referir a unidade da escrita a uma unidade sonora alheia à sua cultura é uma manifestação hegemônica da cultura "fonocêntrica" ou "oralista". |
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Como a escrita é uma língua de intercomunicação entre ouvintes e surdos, ela é patrimônio comum e os ouvintes não podem submetê-la a seus pressupostos "ad hoc". É preciso adotar uma análise lingüística que dê conta do conjunto de seus usuários, ouvintes e surdos. |
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Aprendizagem |
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Fazer da transposição dos grafemas em fonemas a operação elementar da leitura, acarreta a exclusão das práticas de ler de uma grande parte dos usuários da escrita (chineses, árabes, surdos). |
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As instituições educacionais das nações têm a responsabilidade de providenciar para todos – quer seu sistema gráfico vigente corresponda ou não a uma língua oral - a capacidade de "tomar solitariamente conhecimento de um texto gráfico desconhecido". É essa competência que deve ser identificada enquanto capacidade de ler, como o fazem as avaliações internacionais como o PISA. |
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Dado que a palavra gráfica se dá a ver separadamente, graças ao espaço branco - sem correspondência sonora - qualquer metodologia de aprendizagem da escrita deveria reconhecer que, em leitura, o tratamento da palavra é fundado sobre uma operação inicial ideográfica. |
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Ensinar a escrita a partir das relações fonográficas leva a reduzir uma prática de linguagem ao manuseio de unidades sem vínculo direto com o significado. Quando a letra /e/ de mãe é relacionada apenas ao fonema /ãe/, ela fica desconectada do significado; apenas produz som, em lugar de ser a razão da mudança de sentido entre a palavra mão e a palavra mãe. |
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A prática escrita dos surdos, que não usam a via indireta (transposição dos grafemas em fonemas), pode trazer à lingüística e à pedagogia uma contribuição que possibilita ultrapassar uma concepção puramente fonográfica da escrita. |
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A maneira de ler e de aprender a ler do surdo questiona vários pressupostos das didáticas vigentes endereçadas aos ouvintes, tais como: 1) As letras fazem sons e não sentido. 2) O sistema ortográfico é o resíduo da análise prévia das relações da escrita com a língua oral. 3) A via indireta - que vai do visual ao significado mediante o sonoro - liberta o aprendiz da necessidade de memorizar as formas gráficas das palavras. 4) A via direta - que vai do visual ao significado sem transitar pelo sonoro - é requerida apenas quando a isomorfia é conturbada – como em houve - ao passo que, quando a palavra obedece às regras fonográficas – ouve - opera apenas a via indireta. |
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Ao contrário, dizemos : · Em relação aos pressupostos 1) e 2): Todas as unidades gráficas possuem um valor visual, isto é, ortográfico e todas fazem sentido. Na palavra houve apenas quatro unidades possuem um valor sonoro, mas cinco possuem um valor ideográfico.
· Em relação ao pressuposto 4): Uma palavra gráfica por ser isomorfa com a palavra sonora papai não perde sua configuração visual, nem conseqüentemente, a possibilidade de ser reconhecida pelo olho, único procedimento a ser utilizado pelos surdos. |
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A intuição que levou Célestin Freinet a introduzir a imprensa na sala de aula tendo por fim enraizar a aprendizagem em uma prática da comunicação acarretou também o manuseio das unidades necessárias à composição do texto a ser impresso. |
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A língua escrita recorre hoje a novas tecnologias: computador e celular. Muitas das suas ferramentas - teclado, corretor ortográfico, cópia, colagem, previsão de texto, scanner etc. - operam a partir da configuração gráfica, sem desvio pela dimensão sonora. |
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Conclusão |
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Iniciar uma descrição endógena da língua escrita traz várias vantagens: − Permite reconhecer o caráter de linguagem da língua escrita, na medida em que lhe garante sua autonomia. − Atribui à língua escrita uma segunda articulação, constituída de unidades (capazes de acarretar uma mudança de significado) segundo o modelo da constituição do conceito do fonema na oralidade. − Introduz a função semântica até o nível mais profundo da análise, ou seja, no grafe, unidade de 2º articulação. − Atribui um caráter geral à lingüística da escrita, na medida em que a descrição se refere a pressupostos aplicáveis a todas as escrituras, e não somente às alfabéticas. − Estabelece uma análise da escrita idêntica para os ouvintes e os surdos, aproximando as duas comunidades. − Torna coerente a comparação entre as manifestações escrita e oral da língua, desde que ambas sejam pré-analisadas de maneira endógena. − Justifica uma abordagem pedagógica fundada numa prática de linguagem. |
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São Paulo, 30/10/2009 Eme Baj emebaj@uol.com.br
Elie Bajard é linguista e acompanha a comunicação no projeto Aprender para Ensinar e no grupo Corposinalizante. |
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
MANIFESTO DOS USUÁRIOS DA ESCRITA
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