Felipe: Para começar, eu cheguei um pouco atrasado em nosso primeiro encontro de preparação corporal para o projeto "4 performances de rua", uns 30 minutos de atraso, os colegas do Corposinalizante me mandaram duas vezes SMS perguntando se eu ia ao MAM, respondi que chegaria em uns 10 minutos...
Chegando no MAM já começamos a atividade de aquecimento que haviamos previsto no cronograma do projeto. Sentadas em círculo, estavam presentes: Isadora, Luana, Cibele, Joana, Amarilis, Regina e Juliana Monteiro.
Regina: O tema do encontro foi "Habitar o corpo". Inicialmente, Juliana propôs o “olhar interno para o corpo” - conscientização corporal - através de exercícios de sensibilização. Juliana chamou tal estratégia de “chegada para habitar o corpo”. O corpo dos participantes ocupou ora a posição sentada, ora a posição deitada, ora se pôs em torção, ora em pé. Foram experimentados exercícios com o foco na coluna vertebral, auto-massagem, respiração, entre outros. Alguns movimentos envolveram a coordenação corporal e respiração. Na inspiração o corpo se movia para cima (nasal) e na expiração (bucal) o movimento feito era para baixo. Juliana chamou a atenção para que os participantes mantivessem a postura ereta da coluna e o peito aberto. Esta primeira etapa foi finalizada com a seguinte questão: “Como está o corpo agora quando comparado com o corpo no momento de chegada?”, reposta esta que deveria ser dada por meio de percepção interna (sem verbalização/sinalização).
Felipe: Logo depois começamos a praticar um pouco de dança, não exatamente "dança", algo tipo uma performance, não tenho certeza de como se chama, só sei que serve para a gente acertar os nossos objetivos com o projeto das "4 performances de rua".
Regina: Num segundo momento exercitamos a comunicação do grupo por meio do movimento do corpo, sem palavras ou sinais. Locomoção do corpo no espaço vazio do ateliê. A 1ª atividade foi: dispor o corpo em formas como se elas fossem palavras (espetáculo). Juliana estipulou três sinais/comandos para serem seguidos pelos participantes para disporem seus corpos: em roda, em linha e em forma aglomerada. Regras: variar o tamanho da forma e a posição no espaço. O grupo precisa se reorganizar quando a forma original é desfeita. Juliana irá intervir quando a forma sair do padrão estipulado. A pausa foi inserida como forma contrastante ao movimento. As três formas possíveis no momento de pausa serviam para serem vistas pelo espectador (platéia). Comando: seguir um participante, mas não se deixar ser seguido. Usar todo o espaço. Deixar se acompanhar pelo grupo. Fala de Juliana: “Vamos desenhar a forma para o espectador. Bom espetáculo!”
Felipe: Senti que foi muito duro para mim começar a atuar, todo o pessoal estava dando duro no começo, principalmente eu, enquanto a Juliana dava as ordens (regras) para o grupo criar suas formas. Fiz algumas besteiras, como puxar o corpo de alguém para arrumar certinho o desenho de nossa forma coletiva (uma linha ou um círculo, por exemplo), mas Juliana nos avisou que não devemos interferir nas ações de outros, podemos observar como as coisas vão acontecendo.
Regina: Na 2ª atividade o participante escolheu uma pessoa (chamada de A) ao andar com a idéia de manter o escolhido em conexão com seu campo de atenção, mas não foi preciso manter uma relação visual com ela e nem tampouco a proximidade dos corpos.
Acrescentar uma outra pessoa (chamada de B). Em movimento ou em pausa o corpo do participante se manteve equidistante de A e B. Comando: manter a relação entre A e B manipulando a pausa, o movimento e a velocidade. Fala de Juliana: “Ao parar, observar onde o indivíduo está no espaço. Onde o grupo está no espaço. O que o grupo está desenhando no espaço.” Em uma 3ª atividade, visualizamos uma porta entre os corpos A e B, ou um dos corpos (A ou B) e um objeto presente no espaço. Comando: atravessar a porta. Experimentar diferentes partes do corpo ao atravessar ou recuar da porta. Parar, movimentar, alterar velocidade e observar o todo. Ao final Juliana propõe um bate-papo sobre as sensações evocadas e da atividade em si.
Alguns relatos:
Isadora: “Parece que estou vendo esta rede que se forma!”
Luana: “Me senti na cidade, irritada, confusa, onde estou? Às vezes a porta que eu visualizava sumia e eu me sentia batendo na parede.”
Felipe: “Às vezes parecia que o espaço/ateliê é que se movimentava e o meu corpo ficava parado.”
Juliana: “Para responder as questões: onde estou? Onde quero ir? Segue esta dica – parar e respirar.”
A 4ª atividade foi com objetos (almofada, garrafa, copo e lápis): a garrafa representa o corpo e é entendida como um espaço positivo. Os outros objetos representam um espaço negativo em relação ao corpo. Fala de Juliana: “Alguém quer brincar de compor o espaço com estes objetos?”
Luana brinca de compor um espaço com objetos
Felipe: Mais tarde, cada um do grupo escolheu uma palavra ou frase, que poderia inspirar uma pesquisa para as performances (Luana escolheu "raiva"; eu escolhi "há sempre um copo de mar para um homem navegar" e Isadora escolheu a idéia de que "nossos corpos são permeados por energias que nos atravessam").
Regina: Evocar o gesto expressivo. Cuidar do espaço negativo. Mais de um integrante no palco. Evocar seu próprio gesto expressivo. Possibilidade de repetir o gesto expressivo do outro participante. Outros integrantes são os observadores.
De forma rápida Juliana fala que existem 9 tipos diferentes de viewpoints (pontos de vista), sendo que 4 se referem ao tempo e 5 ao espaço, mas acrescenta: “Pensando espaço e tempo não de maneira dissociada, pois trata-se de uma interelação/rede.”
São eles:
- Topografia.
- Velocidade/tempo.
- Gesto expressivo que traduza uma sensação interna ou um gesto comportamental.
- Repetição de algo que acontece com o sujeito ou com o outro.
Na improvisação cada integrante cria um universo próprio que reflete no universo grupal. Tem começo, meio e fim. Os quatro elementos modificam este universo. Dica da Juliana: “Cuidar do espaço negativo e respirar antes de começar.”
Felipe: Para encerrar, conversamos um pouco e compartilhamos nossas impressões, se gostamos ou não e o que aprendemos. Foi assim que chegamos ao fim... e aguardamos mais na próxima semana...
Felipe contando como sentiu a experiência
Luana contando sua experiência
Fotos: Carolina Ângelo e Joana Zatz
Vídeozinhos: Carolina Ângelo
Voz da intérprete: Amarilis Reto
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