quinta-feira, 12 de maio de 2011

Discussão sobre Performance

Ai está a foto da artista e pesquisadora Eleonora Fabião cujo texto “Definir performance é um falso problema”, fruto de entrevista feita com ela, gerou na reunião do dia 14/04 uma discussão super rica, tanto de natureza conceitual como de natureza prática.


fonte: http://www.bienaldedanca.com/_webapp_1171884/Eleonora_Fabi%C3%A3o


Na entrevista Eleonora Fabião defende a idéia de que performance, enquanto gênero, se desenvolve ao longo da segunda metade do séc. XX, cenário pós-guerra. Um tipo de gênero de arte que suspende certezas, do que seja “a arte” e de quem é “o espectador e o artista” e se manifesta como uma forma de denúncia, de resposta e/ou de proposta.


Enquanto gênero, a performance não se presta à definições, não fixa formas temporais ou espaciais, não se vale de suportes específicos e não estabelece modos únicos de recepção ou critérios de documentação.


No entanto, Fabião afirma existir um fator comum entre as performances, a saber: “a ênfase no corpo como tema e matéria.”


Retomamos a intervenção performática do Corposinalizante “Atrás do Mundo", e tentamos responder algumas perguntas:


1. Qual dos três pilares mias combina com ela? Os três. Assume sentido de denúncia por tornar público a falta legenda em filmes nacionais. A resposta do Corposinalizante vem em forma de manifestação em frente à Rede Globo e na fixação de cartazes em frente a um cinema. O caráter de proposta está subtendido no conteúdo da frase “Queremos legenda em filmes nacionais”.


2. Para o Léo o ciclo de comunicação não se completou, pois apesar da mensagem, o receptor não respondeu e assim, o pedido do grupo não foi contemplado. Entretanto, Cibele lembra que no caso do “Cine SESC” houve sim uma resposta. Em mais de um festival este cinema incluiu legendas em filmes nacionais.


3. Para Cibele cabe ao artista a denúncia e a sensibilização e cabem as autoridades o cumprimento das leis criadas para este fim.


No meio da calorosa discussão, completo que este tipo de oferta de mercado – o cultural – ao investir dinheiro (contratação de técnico para criar legendas, orientador de museu e de biblioteca etc..) espera um público. Será que existe um público surdo que consume cultura propagada nos equipamentos culturais que justifique a contratação de um profissional especializado?


Surgiram algumas sugestões para o projeto 4 performances baseadas na questão: “Que coisas estão atravessando a gente? Como lapidá-las e transformá-las em performance?”


1. Léo lembra de uma proposta antiga que consiste na idéia de um segurança cuidando da Libras, tipo escolta na rua para sujeitos conversando em Libras.


2. Rê apresenta e Cibol lapida. O Corposinalizante aprova espaços culturais da cidade que oferecem cultura em Libras, ou com legendas em português.


3. Cibele, o corpo do Corposinalizante brincar na cidade e transformá-la em um grande tabuleiro de jogo.


Acho que para este tema ou outro precisamos pensar em alguns pontos:


O que nos move?

Trata-se de uma denúncia? Resposta? Proposta? Ambos?

Por quê?

O que propomos?

Onde?

Com quem?

Em qual tempo?

Com qual material?

Como?

Com qual espectador?


Lembram da máxima trazida por Cibele e Joana nas aulas do Aprender para Ensinar: “A vida é a matéria-prima da arte”? Então, o Felipe se valendo da nossa discussão modifica-a para “O corpo como matéria-prima da arte”. Será que este também não seria um tema legal para uma das 4 performances de rua? Que tal o exercício de refletir sobre a performance “Ações Cariocas” ?


Motivação de Eleonora Fabião: dialogar com seus concidadãos, tentar recuperar seu interesse e amor pela cidade onde cresceu e que, por conta da corrupção política e da truculência criminosa, tornou-se uma violenta cultura do medo.

O que propõe: reagir contra sua prostração e frustração. Ir para a rua, conversar com quem quisesse conversar com ela,

Como: criar uma performance em que a receptividade fosse a chave dramatúrgica. Conversar sobre qualquer assunto. O cartaz anuncia a proposta e a cadeira vazia convida o espectador participante a se sentar.

Onde: em uma rua central da cidade do Rio de Janeiro.

Com quem: com as pessoas que transitam por esta rua.

Em qual tempo:

Com qual material: um cartaz com o dizer “Converso sobre qualquer assunto” e duas cadeiras.

Com qual espectador: esta performance adquire sentido se o espectador aderir à proposta da artista.


Texto: Regina P. P. Teixeira

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