Dinâmica proposta por Mariana Senne
Começamos o encontro visitando o nosso Blog e assistindo três das performances selecionadas pelos membros do Corposinalizante e uma por Mariana Senne. Pontos destacados após o término da seção de vídeo:
Mariana levanta a “regra do jogo” que envolveu o trabalho “Garrafão Parque do Flamengo” do grupo “Os Dois Companhia de Dança”: andar pelo parque sob os garrafões e encontrar semelhantes. Conclui: “o encontro deles permite a atribuição de sentido pelo espectador.” Mariana discute também o que é performance: “exibição de uma regra de jogo estabelecida pelos participantes de um grupo” com a intenção de “provocar alguma reação no espectador.”
Joana ao abordar a questão do espaço urbano como suporte para performance acrescenta: “encarar a cidade como campo de jogo.”
Da performance "Congelados", do grupo de teatro "OPOVOEMPÉ", Mariana comenta: “Esta performance é ‘simples’. Não se trata de usar algum tipo de habilidade física, mas sim de usar a habilidade perceptual de conexão. É a formação de uma ‘rede invisível’ que causa o estranhamento do espectador”.
Cibele retoma as duas performances anteriores e acrescenta: “Tanto o grupo que ‘trás’ a água, como o que trás o supermercado, sabem o que querem falar. Eles falam de um jeito simples, usam elementos presentes no lugar no qual acontecem.”
Mariana retoma a discussão já trazida para o grupo sobre a idéia de efêmero: “os performers interferem no tempo, no fluxo e afetam o entorno. As pessoas que passam são obrigadas a parar por curiosidade.”
Em seguida assistimos trabalhos corporais realizados por membros do Corposinalizante com a técnica Viewpoint, sob a coordenação de Juliana.
Cibele fala do processo criativo da elaboração da performance. A escolha pode se basear em uma sequência para ser dita em Libras e não necessariamente para ser dita pelo corpo por meio da dança. Retoma a idéia de “habitar o corpo” e de que os nossos encontros se prestam para que cada integrante do Corposinalizante possa habitar cada vez mais o seu próprio corpo.
Atividades práticas propostas por Mariana sob a máxima “habitar o corpo”,
- Jogo do “rabo”.
Objetivo: roubar o rabo [meia presa na parte de trás da calça] do outro, após criação de estratégia de ação.
- Brincadeira do anjo
Objetivo: percorrer o espaço do ateliê com os olhos fechados sob a guarda dos outros participantes que devem tocar o corpo do jogador frente ao “perigo” do choque do corpo do protagonista na parede, em objetos ou nas pessoas presentes. Dica para o jogador: alterar a qualidade do movimento e a trajetória. Dica para o “anjo”: pensar como se aproximar do corpo do jogador sem produzir sobressalto nele.
3. Movimento do corpo no espaço variando as qualidades: grande/pequeno, leve/forte, fluido/estacado. Imagens para guiar a atividade: “O olho habitando diferentes lugares do corpo” e “corpo cheio de olhos.”
Comandos:
3.1 Movimentar-se pelo espaço sem tirar os olhos uns dos outros.
3.2. Movimentar-se pelo espaço segundo os comandos da Mariana.
3.3. Criar formas geométricas ao traçar uma trajetória.
4.No trajeto entre o ateliê do MAM e o parque infantil do Parque do Ibirapuera estabelecer um jogo grupal de pausa e de movimento mantendo os três integrantes no campo de visão.
Momento de reflexão ao final do encontro:
“Às vezes, a relação com o corpo é como imagem (espelho) e raro como sensação, como corpo “casa de existência”. A gente percebe o corpo como sensação quando estamos doentes.” (Mariana)
“Meu corpo como bandeira.” (Cibele)
A partir deste exercício a Mariana propôs que pensássemos na diferença do “corpo como imagem” e do “corpo como sensação e casa de existência”. Como encaminhamento ficamos cada um de pensar o que é, em nossos cotidianos, esse tal de “habitar o corpo”.
Felipe: A cabeça que manda o corpo fazer as coisas, mas se a cabeça pensa sozinha, ela não vai mostrar todo o corpo. Quase todos os surdos sempre habitam só as mãos, porque a língua está nas mãos. Agora falta mostrar o corpo, através da performance, mostrar que existe uma relação de todo o corpo e usar uma linguagem de todo o corpo. O que significaria usar o pé? O que significa um chute?
Amarilis: Já pensou uma performance de surdo neutralizando a mão para mostrar a força do resto?
Mariana: Foi um pouco o que aconteceu quando você fez as mudanças de qualidades na sua partitura (quando o Felipe fez em Libras a frase escolhida por ele – “há sempre um copo de mar para um homem navegar” – de forma lenta, rápida, grande, pequena, etc.)
Luana: O meu pensamento protege o meu corpo, faz eu saber que corpo eu tenho, por exemplo, eu não posso bater nas coisas, então eu vou me proteger com antecedência, porque esta é a minha casa e eu tenho que cuidar. Quando eu mostro o meu corpo por inteiro, as minhas expressões, eu estou mostrando a minha casa, por fora e por dentro também. Eu pensei, pensei, pensei e acho que habitar o corpo é isso.
Leo: Nossa casa, nosso corpo, nossa língua!
Texto: Regina P. P. Teixeira
Vídeo: Cibele Lucena
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